A igreja é a comunidade chamada por Deus e enviada ao mundo como serva da missão outorgada por Jesus. É enviada para proclamar “as virtudes daquele que vos chamou…”
É comum falar-se em “missão da igreja”. Entretanto, não devemos falar em missão da igreja como se a igreja fosse a “dona” ou senhora da missão. A igreja, na verdade, é serva da missão. Deus mesmo conduzirá a história e o universo ao bom final que determinou. A oposição do diabo, da morte e dos homens seduzidos e enganados pelo mal não será capaz de frustrar o plano divino, que é restaurar todas as coisas em Cristo Jesus (cf. Ef 1.10). A igreja é serva dessa missão de Deus; e é inegável que para ela é um altíssimo privilégio ser serva da missão de Deus no mundo.
Sendo assim, todo esforço, todo empenho, toda energia, todo talento, todo recurso tecnológico, todo dinheiro, todo investimento de vida… tudo, enfim, que a igreja utiliza em prol da missão no mundo não é em vão, mas de grande proveito.
Johannes Verkuyl, missiólogo holandês, afirmou, lembrando Lucas 10, que a missão da qual a igreja é serva tem prioridades que podem variar conforme o contexto em que a igreja está:
· Algumas vezes, a ênfase da missão estará na proclamação da mensagem do evangelho;
· Outras vezes, estará na denúncia do mal e da injustiça;
· Pode ser, ainda, que a ênfase da missão esteja na ajuda concreta demonstrada aos famintos e aos doentes.
De um modo ou de outro, o que importa é que a igreja seja fiel ao Deus que a chamou do mundo e a envia de volta, a ele, para ser testemunha do seu amor.
Não é possível separar a igreja de sua missão. A missão é a vocação da igreja; está no seu DNA. Sendo assim, o natural é que a igreja viva missão, transpire missão, faça missão.
Essa compreensão bíblica, ressaltada por Jesus na declaração de Mateus 28.18 a 20 – “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações…” –, é fundamental para a que a igreja não se torne negligente, negando sua própria natureza e vocação.
O compromisso missionário da igreja não pode, portanto, restringir-se a um evento de cunho missionário realizado ocasionalmente, a ofertas esporádicas levantadas para missões ou a um mero discurso sobre o tema “missões”. Na verdade, a caminhada da igreja deve ser uma caminhada missionária mundo afora.
Embora isso seja tão claro, à luz das Escrituras, observamos que, no passado, Israel falhou na sua condição estabelecida por Deus de ser luz para as nações. Semelhantemente, a igreja, hoje, também corre o risco de se desviar do propósito para o qual foi estabelecida por Deus neste mundo.
Há comunidades, hoje, que desejam fazer apenas aquilo que a igreja terá toda a eternidade para fazer, no céu: louvar a Deus. Assim, se esquecem de que, agora, além da adoração, a igreja deve se dedicar diligentemente ao serviço missionário fora de suas quatro paredes, devido à urgência dessa responsabilidade.
Que o Espírito Santo nos desperte para vivenciarmos, dia a dia, a nossa natureza missionária, proclamando as virtudes daquele que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz!
Pr. Eneziel P. Andrade
eneziel@hotmail.com