Este é um tema que está presente em todas as relações humanas: inveja e ciúme. Trata-se de sentimentos que estão presentes na relação entre marido e mulher, irmão e irmão, companheiros de trabalho, colegas de classe, vizinhos e até entre os crentes na Igreja.

Qual a diferença entre ciúme e inveja? Ciúme é o temor de perder aquilo que temos. Inveja é a tristeza pelo fato de os outros possuírem aquilo que não temos. O invejoso tem pretensões sobre algo que ele sabe que não lhe pertence, mas também não quer que pertença a outrem; o ciumento, tipicamente, receia perder alguma coisa que julga ser sua ou, no mínimo, “destinada” a lhe pertencer.

Assim sendo, o ciúme, até certo ponto, não é errado, pois o próprio Deus o sente do seu povo (Tg 4.5). A inveja, porém, é pecado. Ela é uma “obra da carne” (Gl 5.21), um traço do caráter de uma pessoa sem Deus (Rm 1.29; Tt 3.3). Vamos estudar a inveja a partir do relacionamento de Saul com Davi.

AS CAUSAS DA INVEJA – Sua origem está na comparação ou na competição entre duas ou mais pessoas. Salomão afirma: “Então vi que todo trabalho, e toda destreza em obras, provêm da inveja do homem contra o seu próximo. Também isto é vaidade e correr atrás do vento” (Ec 4.4).

Saul era rei em Israel. Homem amadurecido e experiente. Davi era um jovem soldado do de seu exército, sob seu comando. Ambos batalhavam pelos mesmos interesses. Num certo dia, quando voltavam de uma batalha, Saul é tomado pela inveja quando o cântico das mulheres fez a seguinte comparação: “Saul feriu aos seus milhares, porém Davi os seus dez milhares” (1Sm 18.7). Tal comparação soou aos ouvidos de Saul como uma ameaça: “Então, Saul se indignou muito, pois estas palavras lhe desagradaram em extremo; e disse: dez milhares deram elas a Davi, e a mim somente milhares…” (18.8).

Saul sentiu-se inferiorizado e a inveja explodiu em seu peito e fixou-se em sua mente. A inveja é como a “podridão dos ossos” (Pv 14.30). Ela mata a pessoa de dentro para fora.

O QUE A INVEJA PRODUZ? – Ela faz mal à pessoa que a sente e pode fazer mal também à pessoa invejada. No relacionamento de Saul com Davi, observamos que a inveja destruiu a vida do primeiro e trouxe sofrimentos para o segundo. Vejamos:

Desconfiança – “Na verdade, que lhe falta senão o reino?” (1Sm 18.8). Por causa da inveja, Saul passou a desconfiar de Davi. E achava que o cântico das mulheres mostrava que Davi tinha mais prestígio do que ele. Desde o dia em que Davi começou a se destacar, Saul já o observava (15.28; 17.55-58).

Visão errada do próximo – “Daquele dia em diante, Saul não via a Davi com bons olhos” (18.9). A inveja afetou sua visão, isto é, a maneira de ele olhar para Davi (Mt 6.22,23). Na prática, isso se chama “preconceito”, ou seja, o ato de conceituar uma pessoa antes de conhecê-la.

O olhar sempre reflete a natureza de quem olha. Deus olha sempre com pureza (Hc 1.13; 2Sm 22.27). Paulo diz que todas as coisas são puras para os puros, mas, para o impuro, nada é puro (Tt 1.15).

Espaço para o diabo agir – O diabo entrou na vida de Saul a partir do momento em que ele deu espaço para a inveja: “No dia seguinte, um espírito maligno, da parte de Deus, se apossou de Saul, que teve uma crise de raiva em casa; e Davi, como nos outros dias, dedilhava a harpa; Saul, porém, trazia na mão uma lança, que arrojou, dizendo: encravarei a Davi na parede. Porém Davi se desviou dele por duas vezes” (18.10,11). Observe que a ação maligna se manifestou por uma crise de raiva, em andar armado dentro de casa e nas duas tentativas de homicídio (Jo 10.10).

O diabo sempre procura uma brecha em nossa vida. Ele está ao nosso derredor procurando uma oportunidade (1Pe 5.8). A maior oportunidade dele é quando nutrimos ódio para com o nosso irmão.

(Continua na próxima pastoral).

Soli Deo Gloria

Rev. Romildo Lima de Freitas

 

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