A vida humana é marcada pela inconstância do coração. Há dias em que somos tomados pela esperança e outros em que somos marcados pela melancolia. Há dias de encorajamento e dias de inquietante desmotivação. Há dias de paz e dias de angústia. Dias de alegria e dias de amargura. Dias bons e dias maus.
Diante dessa inconstância da vida, somos confrontados com um Deus estável, firme e inabalável. A Bíblia O apresenta como o Sol do meio-dia, as grandes montanhas de Sião, o forte cedro do Líbano e as altas muralhas de Jerusalém.
Davi é um exemplo de inconstância humana como talvez nenhuma outra personagem bíblica. Por um lado, foi guerreiro implacável e, na força de Deus, derrotou o gigante Golias. Por outro, adulterou com Bate-Seba e traiu Urias, um de seus leais soldados. Reconstruiu Jerusalém, que passou a ser chamada de a “Cidade de Davi”, mas também magoou seus filhos e foi um desastre como pai. Era temente ao Senhor e foi chamado de “homem segundo o coração de Deus”, entretanto, em sua família houve incesto assassinato, mentiras e traição.
Talvez um dos momentos de maior melancolia e desespero na história de Davi tenha sido quando, voltando exausto de uma batalha, encontrou a cidade de Ziclague, onde morava, saqueada e destruída (as mulheres, as crianças, os rebanhos e tudo mais haviam sido levados pelos amalequitas). Amargurados, seus homens falaram em apedrejá-lo. Ali estava Davi, caído, sem consolo nem esperança. Mas algo inesperado aconteceu. “E Davi se reanimou no Senhor seu Deus” (1Sm 30.6).
Essa frase arrebatadora revela-nos uma das mais poderosas obras de Deus na vida de seus filhos − o de levantar-nos quando tudo parece perdido. Ele abre o caminho quando não sabemos para onde ir. Faz romper o sol quando estamos presos na neblina da vida. Dá-nos perseverança quando nossa vontade é parar.
O mais intrigante é que esse novo ânimo veio absolutamente do Senhor, pois não havia ali sinais de esperança. Com base nisso, quero convidá-lo para, juntos, pedirmos ao Eterno que nos reanime especial-mente em três áreas: casamento, ministério e emoções.
No casamento – vivemos em um mundo onde o casamento está cada vez mais banalizado. Pessoas se casam já pensando em se separar. Diante da primeira crise, logo pensam em pular fora do barco e construir uma nova família.
O número de divórcios cresce, de uma forma assustadora, em nossa sociedade. Clamemos para que Deus renove o amor entre os ca-sais.
No ministério – Hoje temos muitos teólogos e poucos pastores no seio da igreja. Diante das tribulações, angústias, questionamentos e críticas, o que nos alimenta em nosso ministério não é nossa capacidade humana nem o companheirismo daquele que está ao lado, mas Deus. A maior certeza que um ministro tem em seu ministério é de que ele precisa, desesperadamente, de Deus. Se um dia essa certeza lhe faltar, ele perderá o rumo e o ânimo. Estará caído sem haver quem o levante. A autossuficiência ministerial precede a queda.
Nas Emoções − A ansiedade é um dos elementos mais corrosivos da alma. Há pessoas que, tomadas pela ansiedade crônica, pela insatis-fação constante do coração, tornaram-se secas, perderam a brandura e já não sorriem. Vivem sempre à espera de que amanhã seja melhor, de que algo novo aconteça. A ansiedade crônica tem ceifado vidas, ministérios e a felicidade.
Naquele dia Davi estava acabado: sem família, sem cidade, sem liderança, sem a lealdade de seus amigos, sem futuro. Mas a reação dele indica uma atitude necessária a cada um de nós: obediência ao encorajamento de Deus. Ele se levantou!
Davi se reanimou em Deus. Levantou-se e, com alguns de seus ho-mens, perseguiu os amalequitas. Tomou de volta as mulheres, as crian-ças e o despojo. Reconstruiu a cidade e habitou nela. Recuperou o res-peito de seus homens, com o brilho de quem um dia iria reinar sobre todo o Israel.
Que o Eterno seja misericordioso para conosco e nos ajude a termos força para que nossa família e ministério sejam melhores.
Soli Deo Gloria
Rev. Romildo Lima de Freitas