A expansão da Reforma se deu de forma rápida e intensa. Partindo da Alemanha (Wittenberg), o movimento se alastrou à Suíça, tendo Zurique e Genebra como centros principais. Na Dinamarca, Suécia e Noruega, o novo sistema suplantou inteiramente o velho. Na Hungria, dividiu a população. Triunfou na Holanda, após a mais amarga perseguição. Na Inglaterra, cenas sangrentas se desenrolaram, antes que as novas concepções se estabelecessem. Na Escócia, o povo e o Parlamento se uniram para seguir João Knox, sendo implantado o sistema presbiteriano. Na França, as perspectivas de reforma foram promissoras, mas teve de enfrentar a má vontade do rei, que lhe moveu profunda perseguição, queimando a 24 “hereges” em Paris, no espaço de seis meses. Cerca de 50 anos mais tarde, houve o massacre da noite de São Bartolomeu (1572), quando foram assassinados, num só dia, em torno de 2.000 protestantes. Apesar de todas as reações contrárias, a Reforma estava consolidada e ganhava o mundo. O movimento se expandiu para outros países da Europa, para algumas províncias bálticas, a saber: Lituânia, Letônia e Estônia. Mais tarde, tomou conta dos Estados Unidos (desde os primeiros momentos da colonização) e, a partir daí, alcançou vários outros países mundo afora.
A Reforma não foi um movimento único e uniforme. Adquiriu diferentes nuances, segundo os diferentes contextos em que ela se desenvolveu. As três principais correntes da Reforma foram:
· Luteranismo (Alemanha) – Tradição teológica e eclesiástica baseada nos ensinos de Martinho Lutero. De acordo com Lutero, Deus declara o pecador justo por intermédio da morte de Jesus e não por meio de obras ou méritos humanos.
· Calvinismo (Suíça) – Sistema teológico elaborado por João Calvino, o pai do Presbiterianismo. No cerne do pensamento de Calvino está a doutrina da Soberania de Deus.
· Anglicanismo (Inglaterra) – Começou na Inglaterra do séc. XVII, como parte da reforma inglesa, sob Henrique VIII. Desenvolveu-se com base na teologia do Protestantismo, sobretudo do Calvinismo, mas conservou grande afinidade com a forma de culto e a estrutura da Igreja Católica.
A Reforma se estruturou sobre alguns postulados essenciais, os quais podem ser assim resumidos:
· Supremacia da Bíblia sobre a tradição
Segundo esse princípio, a autoridade da Bíblia é superior à autoridade da Igreja, da Tradição e dos Concílios. Somente a Bíblia deve ser aceita como regra de fé e conduta. A consciência deve submeter-se, incondicionalmente, somente aos princípios das Escrituras, a Palavra revelada de Deus. Os reformadores defendiam que todo o povo deveria ter livre acesso à leitura e estudo das Escrituras.
· Supremacia da fé sobre as obras
Segundo esse princípio, a salvação é alcançada não pelos méritos humanos, mas única e exclusivamente pela fé em Cristo Jesus. A salvação é fruto da graça de Deus e é alcançada através da fé em Cristo e sua obra expiatória. As obras não podem salvar, mas devem acompanhar a vida dos que são salvos.
· Supremacia do povo cristão sobre um sacerdócio exclusivo
A doutrina do sacerdócio de todos os cristãos libertou os homens do temor e do medo. Foram libertados do poder da igreja medieval e conduzidos a uma religião mais sincera e profunda. Esse princípio defendia:
a) Cada indivíduo pode gozar da comunhão com Deus, pela fé, sem a intervenção do sacerdócio da Igreja;
b) Cada indivíduo pode confessar seus pecados diretamente a Deus e dele receber o perdão;
c) Cada indivíduo pode ser justificado diante de Deus, mediante a fé, sem se submeter às exigências da Igreja, que monopolizava a justificação do pecador;
d) Cada indivíduo pode examinar as Escrituras, entendê-las, e conhecer a vontade de Deus.
“O Protestantismo é a religião da Bíblia, a religião de Cristo, a religião do bem e da verdade. Dignifica e eleva os que a praticam e a vivem sinceramente. É a religião da luz, da instrução, da liberdade. Liberta os homens da escravidão do pecado e de Satanás. Torna-os livres filhos de Deus, servos do Senhor Jesus Cristo, nosso Redentor. O Protestantismo tem contribuído em larga escala para o bem do nosso povo, para sua elevação moral e espiritual. Abrindo o evangelho, esclarece e liberta o povo” (Ilídio B. Lopes, em A Reforma Religiosa o Século XVI).
Pr. Eneziel P. Andrade
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