Mais uma vez, a nossa comunidade se reúne para celebrar a sua salvação e rememorar o sacrifício de Cristo através da celebração da Ceia do Senhor. Este é um momento sublime, impregnado de significação espiritual. Cada um deve se aproximar da mesa do Senhor com o coração purificado, a mente limpa e a disposição para continuar servindo a Deus de todo o coração.

Essa participação comunitária requer discernimento, temor e coerência. Esse filtro, certamente, nos constrange a confessar ao Senhor as faltas e a assumir o propósito de continuar servindo a Cristo em novidade de vida.

Esta é uma experiência que deve ser valorizada por todos os discípulos de Jesus. A Ceia do Senhor não pode ser desprezada. Por isso, todos devem se preparar devidamente para comer e beber em memória de Cristo, a fim de que essa experiência sacramental redunde em bênçãos espirituais, e não em maldição. O apóstolo Paulo adverte: “Por isso, aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor, indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e, assim, coma do pão, e beba do cálice; pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si” (I Co 11.27-29).

A aptidão para participar dignamente da Ceia do Senhor não é adquirida pela própria pessoa. Na verdade, ela foi adquirida por Cristo, mediante a sua oferta em sacrifício. É em virtude dos méritos de Cristo, que aqueles que foram por ele remidos são convidados à mesa da comunhão.

A consciência da nossa indignidade e, ao mesmo tempo, a confiança na obra de Cristo, bem como o desejo de nos identificarmos com ele, nos tornam beneficiários da graça comunicada nesse sacramento.

A Ceia do Senhor não é uma simples refeição:  é um meio de graça. Como bem observa Herman Bavinck, “a ‘matéria’ do sacramento, a coisa significada na refeição, é o corpo e o sangue de Cristo, quebrado e partido por nossos pecados, Cristo e todos os seus benefícios. A Ceia do Senhor é, acima de tudo, um dom de Deus, não nosso memorial e nossa confissão. A Ceia do Senhor significa a união mística do crente com Jesus Cristo” (Dogmática Reformada, Cultura Cristã, SP, 2012, vol. 4, p. 547).

É em virtude disso, que a Ceia só é oferecida àqueles que já foram remidos no sangue de Cristo e mantém plena comunhão com ele.

Embora a participação na Ceia seja uma responsabilidade individual, esse sacramento tem também uma forte dimensão comunitária. A Ceia é oferecida à Igreja. Por isso, sempre deve ser celebrada perante o povo de Deus reunido.

Ao mesmo tempo em que a Ceia aponta para a nossa união mística com Cristo, reforça também a nossa união como membros do Corpo de Cristo. É precisamente isto que Paulo ensinou aos coríntios: “Porventura, o cálice da bênção que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é a comunhão do corpo de Cristo? Porque nós, embora muitos, somos unicamente um pão, um só corpo; porque todos participamos do único pão” (I Co 10.16,17).

Compreendendo essas coisas, você deve se mostrar grato ao Senhor pelo privilégio de participar da Ceia do Senhor. Deve se sentir responsabilizado e motivado a honrar a Cristo, aperfeiçoando sua comunhão com ele e com os seus irmãos de fé.

Pr. Eneziel P. Andrade
eneziel@hotmail.com

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