(I Pe 1.16)

A sociedade contemporânea, tão distanciada de Deus e da Sua Palavra, desenfreada em seus apetites perverso, demonstra desconhecer totalmente o que significa santidade.

Cabe ao povo de Deus, designado na Bíblia como “nação santa”, demonstrar ao mundo o que é santidade. Como escreve Paulo em Romanos 6.22, “agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação e, por fim, a vida eterna”.

Segundo João Wesley, “a conversão tira o cristão do mundo; a santificação tira o mundo do cristão”. O compromisso com a santidade é uma característica de todo verdadeiro cristão.

Em I Pedro 1.13 a 25, o apóstolo Pedro discorre sobre a santidade cristã. Esse tema deve merecer nossa atenção e deve ser analisado frequentemente para nos lembrar de que a vida cristã é uma vida de santidade. À luz desse texto bíblico devemos compreender:

1. A vida de santidade é um projeto divino para o povo escolhido

A graça que nos foi trazida na revelação de Jesus Cristo consiste na libertação da escravidão do pecado. Pedro argumenta que “não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo” (vv.18,19).

Fomos eleitos e chamados por Deus para a santidade, como escreve Paulo em II Tessalonicenses 2.13: “Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade”.

O projeto divino em relação ao mundo criado e, de maneira especial, o ser humano é em todos os aspectos um projeto de santidade. Após concluir as obras da criação, diz a Bíblia, “viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom” (Gn 1.31). Deus fez essa avaliação tão positiva das obras criadas, porque pode ver nelas a perfeição, isto é, a plenitude do seu projeto de santidade. É por isso que as obras da criação refletem a glória de Deus.

Porém, a queda de nossos primeiros pais, no Éden, desencadeou um processo de deturpação e oposição à ordem santa e perfeita estabelecida por Deus. Essa rebelião teve como consequência a manifestação da ira divina contra o homem. Por meio do dilúvio, Deus derramou o seu juízo (Gn 7.21-23).

A destruição da terra e o recomeço, a partir de Noé e os que com ele estavam, sinaliza novamente que a santidade é um projeto idealizado na mente e no coração de Deus. Esse projeto tem continuidade no povo eleito por Deus para ser santo, conforme o registro bíblico de Levítico: “Não profanareis o meu santo nome, mas serei santificado no meio dos filhos de Israel. Eu sou o Senhor, que vos santifico, que vos tirei da terra do Egito, para ser o vosso Deus. Eu sou o Senhor” (Lv 22.32,33). Esse projeto tem continuidade ainda no Novo Testamento, quando indivíduos de todas as nações, povos e raças são chamados em Cristo Jesus, separados e santificados para integrar a nação santa, o povo de propriedade exclusiva de Deus. Por fim, quando olhamos para os relatos do Apocalipse, contemplamos a consolidação do projeto divino de santidade na Nova Jerusalém, descrita como a cidade santa. A Nova Jerusalém é o símbolo da restauração de todas as coisas e a concretização plena e definitiva do projeto divino de santidade.

2. A vida de santidade é um imperativo divino aos que foram regenerados em Cristo

É notável nesse texto a forma imperativa acerca da vida de santidade: “tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento, porque escrito está: Sede santos…” (vv. 15 e 16). Deus exige de seu povo vida de santidade! O conteúdo do v. 16 é extraído de Levítico 11.44 e 45, quando Deus disse a Israel: “Eu sou o Senhor, vosso Deus; portanto, vós vos consagrareis e sereis santos, porque eu sou santo; e não vos contaminareis por nenhum enxame de criaturas que se arrastam sobre a terra. Eu sou o Senhor, que vos faço subir da terra do Egito, para que eu seja vosso Deus; portanto, vós sereis santos, porque eu sou santo”.

Fica evidente que a santidade de vida é uma exigência divina. Convictos disso, devemos nos sentir motivados a obedecer a Deus e à Sua Palavra, buscando dia a dia a santidade pessoal. Instruindo a igreja sobre isso, em I Tessalonicenses 4.1 a 3, Paulo escreve: “Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação, que vos abstenhais da prostituição; que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em santificação e honra, não com o desejo de lascívia, como os gentios que não conhecem a Deus; e que, nesta matéria, ninguém ofenda nem defraude a seu irmão; porque o Senhor, contra todas estas coisas, como antes vos avisamos e testificamos claramente, é o vingador, porquanto Deus não nos chamou para a impureza, e sim para a santificação”.

Na vida cristã, a santificação pessoal não é algo opcional: é uma exigência divina. Mais do que isso, é condição para desfrutar da vida com Deus (Hb 12.14 e 15. Segundo o ensino de Jesus, são “bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus” (Mt 5.8).

3. A vida de santidade é determinada pela santidade divina

Nos vv. 15 e 16, Pedro escreve: “segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento, porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo”.

A santidade é um atributo divino. A santidade de Deus é enfaticamente afirmada no Antigo Testamento e reiterada no Novo Testamento. É como registrou, por exemplo, o profeta Isaías: “Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória” (Is 6.3).

O caráter santo de Deus se reflete em seus filhos. É evidente que a manifestação dos atributos morais de Deus em nós, como a santidade, por exemplo, não se dá na mesma proporção em que se manifestam em Deus. Isso, porque nós sofremos a interferência do pecado. Contudo, pela graça de Deus e sob a assistência do Espírito Santo, somos habilitados a desenvolver a santidade pessoal. A santificação é uma obra iniciada pelo Espírito Santo na vida do pecador, o que o leva à conversão; e essa obra não cessa, pois é o Espírito que nos assiste dia a dia, até chegarmos ao estágio final da glorificação (II Co 3.17,18.

Consideremos o chamado divino registrado em Levítico 20.7 e 8: “Portanto, santificai-vos e sede santos, pois eu sou o Senhor, vosso Deus. Guardai os meus estatutos e cumpri-os. Eu sou o Senhor, que vos santifico”.

Pr. Eneziel Peixoto de Andrade
eneziel@hotmail.com

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