Uma atmosfera de morte havia envolvido a todos naquele fim de semana dramático. Agora era o primeiro dia da semana.

No capítulo 16.1 a 8 de seu Evangelho, o evangelista Marcos narra a ida das mulheres até ao túmulo onde fora posto o corpo de Jesus. Elas estavam tomadas de tristeza, pois o Mestre havia sido crucificado. Demonstrando seu zelo e carinho por Jesus, tomaram as providências para embalsamar o seu corpo. Compraram aromas e se dirigiram muito cedo para o local onde o corpo de Jesus tinha sido depositado, a saber, a sepultura cedida por um homem rico, de Arimateia, também seguidor de Jesus, chamado José.

Fica evidente que os primeiros seguidores de Jesus não entenderam bem o seu ensino a respeito de sua morte e ressurreição; por isso, sob o trauma dos últimos acontecimentos, com o coração dilacerado, cometeram alguns erros, os quais devemos evitar.

Este Domingo da Ressurreição nos convida a refletir sobre o significado do sofrimento e da morte de Cristo; mas, principalmente, nos chama a refletir sobre o triunfo de Jesus sobre a morte.

A partir do texto bíblico referido, as seguintes lições devem ser consideradas por aqueles cuja fé está fundamentada na ressurreição de Cristo:

·     Nossa busca é pelo Cristo vivo e ressurreto

Conforme os versículos 1 a 5, “Passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram aromas para irem embalsamá-lo. E, muito cedo, no primeiro dia da semana, ao despontar do sol, foram ao túmulo. Diziam umas às outras: Quem nos removerá a pedra da entrada do túmulo? E, olhando, viram que a pedra já estava removida; pois era muito grande. Entrando no túmulo, viram um jovem assentado ao lado direito, vestido de branco, e ficaram surpreendidas e atemorizadas”.

Essas mulheres, que na madrugada do primeiro dia da semana foram ao sepulcro, estavam à procura de um Cristo morto. As providências por elas tomadas confirmam isso:

– “compraram aromas para irem embalsamá-lo” – investimento em ingredientes relacionados à morte;

– “muito cedo… foram ao túmulo” – uma caminhada até ao endereço da morte;

– “quem nos removerá a pedra do túmulo?” – a preocupação com as dificuldades próprias do caminho da morte;

– (entraram) “no túmulo” – uma incursão pelos meandros da morte.

Vê-se claramente que elas estavam mergulhadas em um projeto de morte; tinham na mente e no coração um Jesus morto. Por desconhecerem a Palavra de Deus, estavam sofrendo a dor e a tristeza da morte.

Hoje também há muitas pessoas que estão caminhando por um caminho oposto ao caminho da luz e da vida; são pessoas que se torturam cultivando preocupações desnecessárias, devido à falta de conhecimento da Palavra de Deus. O desconhecimento da Palavra de Deus favorece preocupações erradas. Jesus disse: “Errais não conhecendo as Escrituras”.

As Escrituras nos apresentam o Cristo Ressurreto, o Cristo Vivo, aquele a quem buscamos. É em sua direção que caminhamos, pois, o Cristo Ressurreto é a base da nossa fé e da nossa esperança!

·     A fé na ressurreição de Cristo produz alegria e nos convida a louvar

Conforme os versículos 5 a 8, “entrando no túmulo, viram um jovem assentado ao lado direito, vestido de branco, e ficaram surpreendidas e atemorizadas. Ele, porém, lhes disse: Não vos atemorizeis; buscais a Jesus, o Nazareno, que foi crucificado; ele ressuscitou, não está mais aqui; vede o lugar onde o tinham posto. Mas ide, dizei a seus discípulos e a Pedro que ele vai adiante de vós para a Galileia; lá o vereis, como ele vos disse. E, saindo elas, fugiram do sepulcro, porque estavam possuídas de temor e de assombro; e, de medo, nada disseram a ninguém”.

Essas mulheres tiveram uma reação errada: em primeiro lugar, porque se surpreenderam com o óbvio: Jesus não estava lá; em segundo lugar, porque se atemorizaram em vez de se alegrar; em terceiro lugar, porque não acreditaram no que havia acontecido. Por falta de conhecimento da Palavra de Deus, não estavam preparadas para o grande acontecimento da ressurreição.

Por desconhecerem a Palavra de Deus, ainda hoje, muitos continuam trilhando os caminhos sombrios do sofrimento, da tristeza e da morte. Não são poucos os que vivem uma vida cheia de temores, em que não há espaço para a alegria, para a esperança. Não acreditam na Palavra de Deus, no fato da ressurreição e, por isso, não têm nenhuma esperança quanto à vida eterna.

Entretanto, os que creem na ressurreição se alegram e celebram sua grande vitória em Cristo. Escrevendo aos coríntios, Paulo argumenta: “Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens. Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem” (I Co 15.19,20).

A reação de surpresa, temor, insegurança, fuga e assombro, demonstrada por essas mulheres, é a reação típica de crentes que conhecem pouco as Escrituras. As boas novas apresentadas na Palavra de Deus, entre elas a notícia da ressurreição, produzem alegria e nos convidam a louvar a Deus.

·     A notícia da ressurreição de Cristo deve ser anunciada alto bom som

Conforme o versículo 8, “saindo elas, fugiram do sepulcro, porque estavam possuídas de temor e de assombro; e, de medo, nada disseram a ninguém”.

Pela falta de um conhecimento mais aprofundado dos ensinos de Jesus, essas mulheres não estavam preparadas para o encontro que tiveram com o anjo. Não compreenderam, naquele momento, a maior notícia de todos os tempos, anunciada pelo anjo: “Ele ressuscitou, não está mais aqui”! O texto relata que “de medo nada disseram a ninguém” sobre o extraordinário acontecimento anunciado pelo anjo.

A notícia da ressurreição de Cristo não pode ser retida; deve ser anunciada alto bom som, pois a ressurreição é o mais significativo evento na história de Cristo.

Mais tarde, perante as autoridades judaicas, Pedro e João, acertadamente, declararam: “nós não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos” (At 4.20). O apóstolo Paulo dizia: “nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios; mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus” (I Co 1.23,24).

A ressurreição é a base da nossa fé e a essência da pregação cristã. Por isso, devemos celebrá-la e anunciá-la ao mundo inteiro.

Pr. Eneziel Peixoto de Andrade
eneziel@hotmail.com

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