Nós cristãos temos um inimigo feroz e determinado. Batalha espiritual não é fruto da imaginação de fanáticos re-ligiosos. Paulo afirma que devemos nos fortalecer no Senhor e vestir toda a armadura de Deus, para podermos ficar firmes contra as ciladas do diabo, pois a nossa luta é contra “as forças espirituais do mal nas regiões celestiais” (Ef 6.10-12).
John Bunyan, em sua alegoria clássica da vida cristã – O Peregrino, descreve o encontro que Cristão teve com Apoliom. Depois da agradabilíssima visita ao Palácio Belo, onde ele recebe encorajamento, instruções e, especialmente, armadura para a sua batalha, Cristão desce ao Vale da Humilhação. E foi lá que o inimigo lhe apareceu. Bunyan relata que “Agora, no vale da Humilhação, o pobre Cristão enfrentou grandes dificuldades. Pois, tendo caminhado pequena distância, viu se aproximando um inimigo horrível, chamado Apoliom. Cristão começou a sentir medo e a ponderar, em sua mente, se voltaria ou se permaneceria firme. Todavia, pensando bem, viu que não tinha nenhuma armadura para proteger-lhe as costas e concluiu que voltá-las para Apoliom lhe daria maior vantagem, facilitando que ele o atingisse com seus dardos. Portanto, resolveu aventurar-se e resistir. Pensou assim: ‘Mesmo que eu tivesse em vista apenas salvar a vida, o melhor seria permanecer firme”. O encontro com o monstro das trevas foi aterrorizante. Após atacar o testemunho e a fé, o inimigo “lançou com grande fúria um dardo de fogo contra o peito de Cristão”; mas “este tinha em sua mão um escudo, com o qual desviou o dardo inflamado, defendendo-se do perigo”.
Finalmente, Satanás chocou-se com tanta força contra o peregrino, que ele deixou sua espada cair de sua mão. A espada do Espírito é a Palavra de Deus, sem a qual ninguém é capaz de prevalecer contra as investidas do perverso opo-nente.
No entanto, pela graça de Deus, Cristão, no momento em que Apoliom iria descarregar seu golpe derradeiro e fatal, foi capaz de pegar a espada do chão e reverter a situação: “‘Não te alegres, inimigo meu, porque, se caio, também me levanto’ (Mq 7.8). E atirou-lhe uma golpe mortal, que o obrigou a se retirar, como quem recebera um golpe mortal. Ao ver isto, Cristão redobra a energia, e ataca-o de novo, dizendo: ‘Em todas estas coisas saímos mais que vencedores por Aquele que nos amou’ (Rm 8.37). Apoliom abriu as suas asas de dragão, fugiu apressadamente, e Cristão não o viu mais (Tg 4.7)”.
Assim como o peregrino de John Bunyan, nós devemos aprender a resistir ao diabo nesta batalha mortal. Somente assim o nosso testemunho será como o do salmista: “Melhor é buscar refúgio no Senhor do que confiar no homem. “Melhor é buscar refúgio no Senhor do que confiar em príncipes. Todas as nações me cercaram, mas em nome do Senhor eu as destruí. Cercaram-me, cercaram-me por de todos os lados ; mas em nome do Senhor as destruí. Como abelhas me cercaram, porém como fogo em espinhos foram queimadas; em nome do Senhor as destruí. Empurraram violentamente para me fazer cair, porém o Senhor me amparou. “O Senhor é a minha força e o meu cântico, porque ele me salvou” (Sl 118.8-14).
Certamente ao longo de nossa peregrinação pela vida haverá momentos quando a única alternativa será vencer o medo e enfrentar a luta. O inimigo é feroz e perverso; no en-tanto, com o escudo da fé e munidos da espada do Espírito, que é a Palavra, poderemos, ao final de tudo, testemunhar: “Mas o Senhor me ajudou”. Seja forte e corajoso.
Soli Deo Glória
Rev. Romildo Lima de Freitas