Leia Provérbios 6.12 a 19

Voltaire disse que “existem duas coisas igualmente terríveis: uma faca nas mãos de um louco e uma grande inteligência na cabeça de um malvado”.

No mundo atual, a maldade impera. Todo dia tomamos conhecimento de atos de maldade praticados pelo ser humano contra o seu semelhante.

Do ponto de vista teológico, a maldade é consequência do pecado arraigado no coração humano devido à Queda. O pendor para o mal escraviza e leva o indivíduo a cometer toda sorte de impiedades (Rm 6.19). É somente através da experiência da graça que há em Cristo, que o homem pode se libertar do pecado e subjugar o mal que jaz em seu coração.

Para dominar os impulsos da maldade é preciso viver sob a direção do Espírito: “andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne. Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer” (Gl 5.16,27).

Ainda que nem sempre se traduza em atos de violência física, muitas vezes a maldade está presente até no coração até mesmo de pessoas crentes. Pensamentos e palavras maliciosas, infelizmente, se verificam entre membros da família da fé. Porém, a conformidade com isso é algo inadmissível, como se pode ver na Palavra de Deus. Sendo assim, como discípulos de Jesus, devemos compreender as implicações da maldade e lutar com todas as forças para não permitir que esse terrível sentimento nos domine.

Vejamos o que nos ensina o texto de Provérbios:

1.   A maldade presente no mundo é contagiosa

Desde que o pecado entrou no mundo, com a queda de nossos primeiros pais, o coração humano tornou-se propenso a praticar todo tipo de maldade. O capítulo 6 de Gênesis descreve a tragédia que se abateu sobre a humanidade caída, traduzida em maldades de toda sorte (Gn 6.5,11).

Lamentavelmente, a maldade que brota de corações corrompidos contagia o mundo. Por isso, devemos tomar todo o cuidado. Primeiramente, devemos tomar cuidado para que não sejamos vítimas dos malfeitores. É seguro manter distância do “homem de Belial” mencionado no texto (6.12). Segundo o comentário da Bíblia de Estudo de Genebra, a expressão, “provavelmente, indique uma pessoa vil e sem valor, dotada de um elemento de malevolência ativa”. Os versos 13 e 14 descrevem a ação do homem de Belial: ele dissimula, maquina o mal e semeia contendas. A Bíblia aconselha o servo de Deus a manter distância de tais pessoas (Pv 4.14-17). No Salmo 119.115, o salmista declara: “Apartai-vos de mim, malfeitores; quero guardar os mandamentos do meu Deus”.

Devemos tomar cuidado com a maldade, também, porque ela pode influenciar. Quem convive com malfeitores corre o risco de aprender com eles a praticar a maldade. O Salmo 1, que fala sobre a bem-aventurança do justo, adverte quanto a esse perigo. Quem anda no caminho dos ímpios corre o risco de se deter; e quem se detém corre o risco de se assentar com eles.

A maldade presente no mundo tem efeito contagioso sobre as pessoas. Como já foi mencionado, é somente através da nova vida em Cristo e o viver no Espírito que o homem consegue resistir às obras más da carne (Gl 5.16-25).

2. Os efeitos da maldade são dolorosos: tanto para as vítimas quanto para os autores

A maldade é destrutiva: ela destrói sonhos, destrói a alegria, destrói a felicidade. Todos quantos já foram vítimas de algum tipo de maldade sabem quão doloroso isso é. Entretanto, a Bíblia assegura que a maldade, que tanto destrói, será também destruída juntamente com os seus agentes. Mais cedo ou mais tarde, isso acontecerá.

Descrevendo o homem que pratica a maldade, o texto declara: “a sua destruição virá repentinamente; subitamente, será quebrantado, sem que haja cura” (Pv 6.15). Quem anda somente fazendo o mal, acabará sendo apanhado pela sua própria maldade: “A justiça do íntegro endireita o seu caminho, mas pela sua impiedade cai o perverso. A justiça dos retos os livrará, mas na sua maldade os pérfidos serão apanhados” (Pv 11.5,6).

Escrevendo aos gálatas, Paulo afirma: “aquilo que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia para a sua própria carne da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito do Espírito colherá vida eterna” (Gl 5.7,8). Paulo afirma que “os homens perversos e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados” (II Tm 3.13).

Ainda que o malfeitor escape por algum tempo, com certeza, não escapará do juízo de Deus preparado para o último dia. No Salmo 37.9, o salmista declara que “os malfeitores serão exterminados”.

3. Deus abomina a maldade

O texto de Provérbios 6.16 a 19 é uma advertência contra a maldade: “Seis coisas o Senhor aborrece, e a sétima a sua alma abomina; olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, coração que trama projetos iníquos, pés que se apressam a correr para o mal, testemunha falsa que profere mentiras e o que semeia contendas entre irmãos”. De forma enfática, o sábio apresenta a reprovação divina à maldade humana.

O texto de Gênesis 6, já citado, mostra o quanto Deus abomina a maldade: “Então disse Deus a Noé: Resolvi dar cabo de toda carne, porque a terra está cheia da violência dos homens; eis que os farei perecer juntamente com a terra” (Gn 6.13). A maldade que impera no mundo é uma afronta a Deus, como declara o profeta Oseias (Os 4.1-8).

Vivemos dias difíceis, pois vemos a multiplicação da maldade. Porém, devemos ter a certeza de que Deus não assiste passivamente ao aparente triunfo do mal sobre o bem. Chegará o momento em que a sua poderosa mão agirá para eliminar toda a maldade e fazer o bem triunfar (Ap 21.8; 22.11,12).

Cuidado com a maldade! Consideremos a recomendação bíblica de I Pedro 2.1,2: “Despojando-vos, portanto, de toda maldade e dolo, de hipocrisias e invejas e de toda sorte de maledicências, desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação, se é que já tendes a experiência de que o Senhor é bondoso”.

Pr. Eneziel Peixoto de Andrade
eneziel@hotmail.com

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