Uma pergunta deve ser feita, de imediato: É errado um cristão comemorar as festas juninas ou se envolver com elas? Se partirmos do pressuposto de que sim, quais são os perigos dela para a sua vida espiritual?
A cultura brasileira vem sempre repleta de tradições e ritos de culturas de outros países, mas principalmente de seus descobridores, que eram tradicionalmente católicos. Sendo assim, as tradições do catolicismo vieram sobre nossa Nação por diversas formas, como danças, contos e peças que criaram suas raízes em nosso meio. As festas juninas fazem parte das manifestações populares.
Durante o mês de junho, elas acontecem nas escolas, nos bairros e em determinadas Igrejas, visando a adorar alguns santos, a saber: “Santo Antônio” (12/06), “São João” (24/06) e “São Pedro” (29/06).
Somos informados, através do livro “Migalhas Folclóricas”, de que as origens dessa comemoração remontam à Antiguidade, quando se prestava culto à deusa Juno, da mitologia romana. Os festejos àquela deusa eram denominados “Junônias”. Daí o atual nome “Festa Junina”.
Essas festas são comemoradas com suas comidas típicas, a saber: curau, batata-doce, mandioca, pipoca, canjica, pé-de-moleque, pinhão, quentão, etc. Somos sabedores de que há, também, as músi-cas típicas, bem como fogueiras, que são um elemento essencial. Você sabia que, convencionalmente, em cada uma das três festas, existe um arranjo diferente de fogueira? Na de “Santo Antônio”, as lenhas são atreladas em formato quadrangular; na de “São Pedro”, em formato triangular e na de “São João”, observando o modelo habitual, possuem o formato semelhante ao de pirâmide.
Amado irmão, gostaria que você analisasse se é licito, ao servo de Deus, participar ou autorizar seus filhos a participar dessas festas, à luz da Palavra de Deus. Portanto, vamos pensar sobre o assunto na seguinte ótica: “Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm; todas as coisas são lícitas, mas nem todas edificam” (1Co 10:23).
1.º – Essas festas visam a adorar os respectivos santos, mas a Bíblia nos orienta a adorar somente ao Deus verdadeiro (Êx 20:3-5; Mt 4:10; Hb 13:15) − Quando, em vida, João Batista recusou qualquer tipo de homenagem ou adoração, pois entendia que a honra − a exaltação − deveria ser feita somente a Jesus (Jo 3:28-30).
2.º – A Bíblia recomenda a nos abstermos de comer qualquer coisa sacrificada aos ídolos − Entendemos que, nessas festas, as comidas são oferecidas a eles. Somo sabedores de que eles não as estarão comendo, e sim os participantes, mas observe o que diz At 15:20: “… que se abstenham de comidas sacrificadas aos ídolos”. Leia ainda 1Co 10:21-28.
3.º – Acredito que não ocorra nenhum crescimento para minha vida espiritual − Ao participar de tal evento, mesmo que seja só “ob-servando”, isso em nada ajudará o meu crescimento espiritual; pelo contrário, o que acontecerá será uma regressão.
4.º – O Senhor Jesus nos exorta a ser o sal da terra e a luz do mundo (Mt 5:13,14) − Como seremos isso, se não fazemos diferença nem brilhamos no meio dos homens (Mt 5:16)? O apóstolo Paulo nos recomenda a ser modelo para o mundo (Rm 12:1,2).
Diante do que foi exposto acima, vamos supor que você trabalhe, ou estude, em uma escola, esta queira obrigá-lo a participar de uma festa que não seja lícita a um cristão e a sua recusa lhe possa acarretar sanções. Qual deverá ser a sua postura? Acredito que, mesmo sob pressão, você não deve ceder, pois a Bíblia nos orienta o seguinte: “antes, importa obedecer a Deus do que aos homens” (At 5:29b). Temos base legal, a nós assegurada na Constituição Federal de 1988, no artigo 5.º, inciso VIII, para não participarmos de algo que não seja licito, segundo a religião que adotamos. Veja o que diz esse artigo: “Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se a invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa fixada em lei.”
Que Deus nos ajude a ser fieis a Ele em todos os níveis da nossa vida.
Soli Deo Gloria
Rev. Romildo Lima de Freitas