O ambiente político e social na época da Reforma era marcado pelas seguintes práticas:
· Opressão religiosa sem limites;
· Recrudescimento da Inquisição;
· Corrupção eclesiástica e depravação moral do clero;
· Abandono do povo e insatisfação popular;
· Venda de Indulgências;
· Intensificação do sentimento patriótico ante a interferência dos papas nos negócios políticos e religiosos nacionais;
· A busca por um nova concepção de vida, como fruto de espírito renascentista.
Embora a reforma tenha eclodido em 1517, em torno da pessoa de Martinho Lutero, na verdade já vinha sendo preparada muitos anos antes, através da influência de homens que denunciavam os abusos e clamavam por mudanças na Igreja, os quais inspiraram e lideram diversos movimentos reformistas. Eles são chamados “Pré-Reformadores” ou “Precursores da Reforma”.
Entre os pré-reformadores, destacaram-se especialmente:
· Arnaldo de Bréscia (1100 – 1155), reformador da Lombardia, condenado à morte por enforcamento;
· Dante Alighieri (1265 – 1321), escritor, poeta e político italiano, condenado ao exílio perpétuo;
· João Wicliff (1324 – 1384), sacerdote, escritor e reformador inglês, catedrático da Universidade de Oxford;
· João Huss (1373 – 1415), escritor, teólogo e reformador theco. Foi catedrático e reitor da Universidade de Praga, condenado à fogueira, juntamente com seus livros, pelo Concílio de Constança;
· Jerônimo Savonarola (1453 – 1498), monge dominicano em Florença, Itália, que foi condenado à fogueira, juntamente com outros dois dominicanos. Esses são alguns dos que se tornaram mártires na luta por uma igreja reformada.
É importante lembrar que eles não foram vozes isoladas. Havia um anseio geral por mudanças, traduzido em alguns movimentos populares de cunho reformista, que se tornaram notáveis, embora cruelmente sufocados pela Igreja. São eles:
· “Petrobrussianos” (movimento liderado por Pedro de Bruys. Defendia um cristianismo simples, criam que a salvação é pela fé; eram contra o uso de imagens no culto; insistiam na autoridade da Bíblia sobre os pais da Igreja. Pedro de Bruys foi queimado vivo em 1124);
· “Valdenses” (movimento iniciado no século XII por um rico comerciante de Lyon, França, chamado Pedro Valdo. Valorizavam a vida simples e piedosa, bem como a pureza doutrinária, com base somente nas Escrituras);
· “Cátaros” ou “Albigenses” (movimento surgido no século XIII, no norte da Itália e sul da França. Eles aceitavam apenas os sacramentos da Ceia e do Batismo. Tinham as Escrituras como a suprema autoridade);
· “Lolardos” (movimento desenvolvido no século XIV pelos seguidores de John Wicliff. Eles semearam por toda a Inglaterra a Palavra de Deus. Muitos deles foram martirizados);
· “Irmãos da Vida Comum” (movimento iniciado na Holanda, por Gerardo Groot, no século XIV. Eles primavam pelo estudo do Novo Testamento, em grego, e propunham, como fundamento para qualquer reforma, a esmerada educação da juventude. Deram grande impulso à impressão de livros teológicos. Antes de 1500, eles já tinham publicado mais de 450 livros).
Esses foram, portanto, alguns dos movimentos que lutaram pelo retorno da Igreja à pureza do evangelho. Todos eles foram perseguidos e sufocados de forma impiedosa. Mas, a luta e o sangue derramado não foram em vão. O fermento já estava levedando a massa para a vinda de um novo tempo.
Pr. Eneziel P. Andrade
eneziel@hotmail.com