As epístolas de Paulo à igreja em Corinto oferecem uma rica fonte de ensinamentos sobre a vida da comunidade cristã primitiva. Sua orientação sobre a participação na Ceia do Senhor é de particular relevância. Em sua primeira carta aos coríntios, Paulo aborda uma série de questões que afligiam a igreja, incluindo divisões, disputas e condutas impróprias durante a celebração da Ceia. A abordagem reformada desses ensinamentos destaca a necessidade imperativa de paz e unidade dentro da comunidade cristã como pré-requisitos essenciais para a participação correta na Ceia do Senhor.

A Ceia do Senhor, ou Santa Ceia, é um dos sacramentos mais significativos da fé cristã, simbolizando a comunhão dos crentes com Cristo e entre si. No entanto, a maneira como os coríntios estavam celebrando a Ceia refletia uma falta de entendimento sobre sua natureza e propósito. Paulo expressa sua preocupação com a conduta dos coríntios durante a Ceia em 1 Coríntios 11, onde ele os repreende por se reunirem sem discernimento, comendo e bebendo de maneira indigna. Ele destaca que, em vez de promover a unidade e a comunhão, suas práticas estavam causando divisões e desigualdades entre os membros da igreja.

À luz da teologia reformada, a participação na Ceia do Senhor não é apenas um ato simbólico, mas uma expressão tangível da unidade do corpo de Cristo. A Ceia é um memorial da morte sacrificial de Jesus e um meio de graça no qual os crentes participam espiritualmente do corpo e do sangue de Cristo. Portanto, a falta de paz e harmonia na igreja não apenas obscurece o significado da Ceia, mas também compromete sua eficácia espiritual.

A participação na Ceia exige uma atitude de reconciliação e perdão entre os membros do corpo de Cristo. Paulo exorta os coríntios a examinarem a si mesmos antes de participarem da Ceia, reconhecendo seus pecados e buscando reconciliação com Deus e com seus irmãos. Esse exame de consciência não é apenas uma reflexão individual, mas uma avaliação do estado da comunidade como um todo. A participação na Ceia é uma expressão da comunhão dos santos, e a presença de divisões e conflitos na igreja mina essa comunhão. Assim, a necessidade de paz na igreja emerge como um requisito essencial para a participação correta na Ceia do Senhor. A Ceia é um símbolo visível da unidade espiritual dos crentes, e a falta de paz e harmonia na comunidade cristã compromete sua validade e eficácia. Portanto, devemos estar conscientes da importância de se buscar a reconciliação e a unidade dentro da igreja como uma preparação adequada para a participação na Ceia do Senhor, seguindo o exemplo e os ensinamentos de Paulo aos coríntios.

A exortação apostólica aos coríntios nos desafia a avaliar a nossa comunhão e como temos tratado a Ceia do Senhor: “Nisto, porém, que vos prescrevo, não vos louvo, porquanto vos ajuntais não para melhor, e sim para pior. ​Porque, antes de tudo, estou informado haver divisões entre vós quando vos reunis na igreja; e eu, em parte, o creio. Porque até mesmo importa que haja partidos entre vós, para que também os aprovados se tornem conhecidos em vosso meio. Quando, pois, vos reunis no mesmo lugar, não é a ceia do Senhor que comeis.​Porque, ao comerdes, cada um toma, antecipadamente, a sua própria ceia; e há quem tenha fome, ao passo que há também quem se embriague. Não tendes, porventura, casas onde comer e beber? Ou menosprezais a igreja de Deus e envergonhais os que nada têm? Que vos direi? Louvar-vos-ei? Nisto, certamente, não vos louvo” (1 Co 11.17-22).

As palavras desta reflexão te deixam tranquilo (a) ou preocupado (a)? Como você tem desenvolvido a comunhão com a sua Igreja? Como tem tratado a Ceia do Senhor?

Pr. Eneziel Peixoto de Andrade

eneziel@hotmail.com

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