Para participar da Ceia do Senhor é necessário que o indivíduo seja membro comungante, isto é que já tenha sido batizado na infância e, posteriormente, tenha feito sua pública profissão de fé; ou, no caso de quem não recebeu o batismo quando criança, que já tenha feito a sua pública profissão de fé seguida do batismo. Membros da Igreja Presbiteriana do Brasil e, também, de outras igrejas evangélicas têm acesso à Ceia, desde estejam em plena comunhão com a igreja.
A participação da Ceia do Senhor é um privilégio exclusivo dos crentes, visto ser uma expressão da comunhão com o Senhor. Em I Coríntios 10.16 e 17, Paulo ensina que o sacramento da Ceia é comunhão com o Cristo crucificado e, ao mesmo tempo, comunhão com os que foram remidos por Cristo – “Porventura, o cálice da bênção que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é a comunhão do corpo de Cristo? Porque nós, embora muitos, somos unicamente um pão, um só corpo; porque todos participamos do único pão”.
Segundo João Calvino, “Paulo, aqui, não está discutindo uma mera comunhão humana, e, sim, a comunhão espiritual entre Cristo e os crentes, a fim de fazer evidente que é um intolerável sacrilégio tornarem-se eles contaminados pela comunhão com os ídolos. À luz do contexto deste versículo podemos, pois, concluir que coinonia ou comunhão no sangue é a aliança (societatem) que temos com o sangue de Cristo quando este nos enxerta, a todos nós, em seu corpo, a fim de que possa viver em nós e nós nele” (1 Coríntios, FIEL, S. J. dos Campos/SP, 2018, p. 359).
Compreendendo isso, vemos quão séria é a participação da Ceia do Senhor. É por isso que a Palavra de Deus adverte: “Por isso, aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor, indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e, assim, coma do pão, e beba do cálice; pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si” (I Co 11.27-29).
Se, por um lado, a participação da Ceia do Senhor é algo tão sério, por outro lado, não menos arriscado é o desprezo por esse sacramento. Infelizmente, há crentes que não têm dado o devido valor à Ceia do Senhor. Tanto a participação desvirtuada quanto o descaso são prejudiciais para a vida cristã. Para que não incorram no juízo divino, os crentes são orientados a valorizar a Ceia do Senhor, participando de forma correta e zelosa.
Os Princípios de Liturgia da Igreja Presbiteriana do Brasil orientam no sentido de que os membros da igreja não se omitam quanto à participação da Ceia, nem dela participem aqueles que possam fazê-lo indevidamente – “O Conselho deve cuidar de que os membros professos da Igreja não se ausentem da Mesa do Senhor e velar para que não participem dela os que se encontrarem sob disciplina” (Princípios de Liturgia, cap. VII, artigo 14).
Mais do que um dever cristão, a participação da Ceia é um sublime privilégio. Por isso, ninguém deve se mostrar negligente nessa questão. Ninguém deve se autoexcluir, por se sentir indigno; pelo contrário, deve fazer o autoexame ordenado na Escritura, superando os empecilhos porventura existentes e, assim, participando com gratidão a Deus e alegria no coração.
Pr. Eneziel P. Andrade
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