Em I Tessalonicenses 5.1 a11, o apóstolo Paulo fala sobre a segunda vinda de Cristo é referida como um acontecimento repentino e inesperado, que apanhará a muitos despreparados. O texto faz referência a dois grupos de pessoas: os filhos das trevas – que preferem a escuridão da noite para praticarem suas obras reprováveis – e os filhos da luz – que andam em pleno dia, através de um viver digno de ser visto por todos os homens.
Aqueles que andam nas trevas, e são filhos das trevas, serão surpreendidos em sua degradação, sendo julgados por esse motivo. Por outro lado, os filhos da luz não serão apanhados de surpresa, pois vivem uma vida de sobriedade e vigilância. Os filhos da luz, isto é, os genuinamente convertidos a Cristo, preparam-se para o encontro com o Senhor, através de uma conduta espiritual cuidadosa, caracterizada pelo seguinte:
1. São revestidos da couraça da fé
“Nós, porém, que somos do dia, sejamos sóbrios, revestindo-nos da couraça da fé…” (v.8). A “couraça” era uma armadura feita de couro ou de metal, destinada a proteger as costas e o peito do soldado. Aqui, temos um uso figurado da palavra, para falar da blindagem que a fé em Cristo proporciona ao cristão.
A fé é um precioso recurso de defesa contra as investidas do Maligno, contra as provações, contra o desânimo, enfim, contra tudo que tenta nos enfraquecer e nos afastar de Deus. Em I João 5.4, João faz uma bela afirmação, dizendo: “esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé”.
Aqueles que se afastam da luz e andam cambaleando nas trevas são indivíduos fracos na fé; e toda pessoa enfraquecida na fé torna-se uma presa fácil para o inimigo.
Diante da proximidade da vinda do Senhor, também não podemos cair no sono profundo da indiferença, nem nos escuros caminhos do pecado. Em Romanos 13.11 a 14, Paulo adverte: “E digo isto a vós outros que conheceis o tempo: já é hora de vos despertardes do sono; porque a nossa salvação está, agora, mais perto do que quando no princípio cremos. Vai alta a noite, e vem chegando o dia. Deixemos, pois, as obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz. Andemos dignamente, como em pleno dia, não em orgias e bebedices, não em impudicícias e dissoluções, não em contendas e ciúmes; mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências”.
É somente através de uma genuína vida de fé que podemos nos manter fiéis ao Senhor, pois, como diz o autor de Hebreus, “sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11.6).
2. São revestidos da couraça do amor
“Nós, porém, que somos do dia, sejamos sóbrios, revestindo-nos da couraça da fé e do amor…” (v.8).
Paulo falou da couraça da fé; e agora ele fala da couraça do amor. Há um outro significado da palavra “couraça”, que também vale a pena ser conhecido: recebe também o nome de couraça a chapa de aço especial, de maior espessura que o chapeamento do casco, usada para proteger as partes vitais dos navios de combate de maior porte. Tais navios são chamados de “couraçados”.
Pensando nesse significado do termo, podemos dizer que o amor é esse revestimento especial que nos torna aptos a resistir a todos os ataques que sofremos na vida. Aqueles que amam são pessoas fortes! Como dizia Martin Luther King, “o amor é força mais perdurável do mundo”. Os fracos não conseguem amar; são ressentidos e amargos.
Jesus nos preveniu, dizendo que um dos sinais do fim dos tempos seria o esfriamento do amor. O estilo de vida materialista, individualista e egoísta que prevalece hoje, nos desafia, como cristãos, à prática do amor fraternal. Como filhos da luz, devemos nos revestir com a couraça do amor (Jo 13.34,35; I Jo 4.7,8,21). Em I Coríntios 13, o apóstolo Paulo declara que, se não tivermos amor, nada nos aproveitará.
3. São protegidos com o capacete da esperança da salvação
“Nós, porém, que somos do dia, sejamos sóbrios, revestindo-nos da couraça da fé e do amor e tomando como capacete a esperança da salvação” (v.8).
O capacete protege a cabeça. A expressão “tomando como capacete a esperança da salvação” indica a preservação das nossas convicções de fé; a preservação do pensamento forjado pela Palavra de Deus.
A firmeza da esperança cristã nos protege de sermos confundidos pela corrupção do pensamento que caracteriza a escuridão em que este mundo se encontra. Os que preservam a esperança da salvação têm suas mentes iluminadas e se mantêm ilesos. É em função dessa viva esperança que conseguimos resistir aos fascínios da noite, mantendo a sobriedade e conseguindo ver, além da escuridão, a gloriosa promessa da salvação a ser revelada no último dia. A conduta dos filhos da luz é determinada pela bendita esperança da salvação (I Pe 1.3-5).
Nestes dias difíceis em que vivemos, quando tantos crentes têm cedido aos apelos daqueles que vivem nas trevas, vale a pena recordar a exortação de Hebreus 10.23: “Guardemos firme a confissão da esperança sem vacilar, pois quem fez a promessa é fiel”.
Felizes os que podem, nestes dias de escuridão espiritual, dizer como o salmista: “tu és a minha esperança, Senhor Deus, a minha confiança desde a minha mocidade. Em ti me tenho apoiado desde o meu nascimento” (Sl 71.5,6).
Buscando viver uma vida protegida pela FÉ, revestida de AMOR e envolvida pela ESPERANÇA, estaremos vivendo como filhos da luz “no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual devemos resplandecer como luzeiros” (Fp 2.15).
Pr. Eneziel P. de Andrade
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