Lembro-me de que, em determinada ocasião, eu estava participando de um culto e o pregador, uma vez por outra, incentivava o auditório a responder “amém”. Vem-me à mente ainda que, em certo momento, ele disse: “O diabo está aqui e deseja destruir você” e uma pessoa, perto de mim, respondeu várias vezes: Amém, amém, amém.
Se você prestar atenção, verá que o vocábulo “amém” vem sendo usado com bastante frequência em nossa igreja. A impressão que nos dá é que ele se tem tornado um “chavão evangélico”. Para tudo ele vem sendo usado. Quando, por exemplo, o liturgo ou o pregador convida o auditório para abrir a Bíblia é dito mais ou menos assim: “Vamos abrir a Palavra de Deus no livro do profeta Isaías, capítulo 61. Amém?” Ou: “Quem encontrou, diga amém!”
Para quase tudo tem sido comum no seio da igreja o uso de “amém”, mesmo quando não se tem nada para falar ou fazer. Vamos analisar, à luz da Palavra de Deus, qual seu correto uso:
O dicionário define a o termo amém como: “Palavra litúrgica de exclamação, que indica anuência firme, concordância perfeita, com um artigo de fé; assim seja.”
1 – No Antigo Testamento a palavra hebraica “amen” é usada, como:
a – Aceitação de uma expressão de maldição. Quando os sacerdotes (ou outros oficiais) expressavam uma fórmula de maldição em nome do Senhor, então a pessoa [ou pessoas] a quem tal fórmula era dirigida, aceitava(m) suas consequências dizendo: “Amém” (Nm 5.22; Dt 27.15-26; Ne 5.13; Jr 11:5).
b – Ocorrência simultânea com uma expressão de louvor ao Senhor. O “Amém” era também usado depois de uma fórmula de louvor pela pessoa que a expressava (Sl 41.14; 72.19; 89.53), bem como por todos os que a ouviam (Sl 106.48; 1Cr 16.36; Ne 8.6). Esse tipo de fórmula de louvor tinha uma estrutura padrão e sempre começava com a palavra Baruch, traduzida como “Bendito/Louvado seja…”
2 – No novo Testamento a palavra “amém”, no grego, é usada como:
a – Ocorrência simultânea com uma expressão de louvor ao Senhor. Uma afirmação de louvor (algumas vezes, mas nem sempre, da mesma forma como no Antigo Testamento) era frequentemente concluída com um “amém” por quem a expressava (Rm 1.25; 9:5; 11.36; 16.27; Gl 1.5; Ef 3.21; Fp 4.20; 1Tm 1.17; 6:16; 2Tm 4.18; Hb 13.21; 1Pe 4.11; 5.11; 2Pe 3.18; Jd 1.25; Ap 1.6; 7.12), bem como por aqueles que a ouviam (1Co 14.16; 2Co 1.20; Ap 5.14; 7.12; 19:4).
b – Ocorrência simultânea com uma profecia ou um anúncio feito por outra pessoa. Vemos isso duas vezes no livro do Apocalipse (1.7; 22:20). Na primeira, o “amém” foi expresso por aquele que estava fazendo o anúncio, o próprio João; na segunda, ele o expressou para a palavra do Senhor Jesus. Em Ap 1.7 o “amém” foi usado em aditamento à sua tradução de “sim”. Em Ap 22.20, João repetiu as palavras com as quais concordava. Como no Antigo Testamento, também aqui a impressão é que esse é um uso extraordinário da palavra “amém”.
Diante daquilo que a Bíblia nos orienta, usar “amém” como chavão é desfocar completamente seu sentido. Quero propor a seguinte orientação aos amados irmãos:
1 – Devemos usar a expressão “amém” quando entendemos o que a outra pessoa está dizendo. Veja a recomendação do apóstolo Paulo: E, se tu bendisseres apenas em espírito, como dirá o indouto o amém depois da tua ação de graças? Visto que não entende o que dizes.
2 – Também deve ser utilizada sempre como ato afirmativo ou de exclamação, nunca de interrogação.
Que o Eterno use de bondade para com seu povo, para que façamos o correto uso das expressões bíblicas. Amém!
Seu pastor
Rev. Romildo Lima de Freitas