Você já foi picado por uma abelha? Quem já o foi, sabe que dói muito. O local fica vermelho, inchado e latejando. É uma dor que persiste depois da sensação inicial. Quando esses insetos ferroam, eles injetam um veneno (melitina) que ativa os receptores de dor, o que resulta numa sensação de queimadura. Depois que o ferrão penetra nossa pele, por ter ele a forma de uma espada com farpas, fica preso lá dentro, injetando mais veneno. A dor pode durar vários dias.

Você sabia que não é só a vítima que padece com a ferroada? A abelha também sofre. E, em alguns casos, sofre até mais. Quando ela se sente ameaçada, utiliza o ferrão em quem estiver por perto. Depois da picada, ela tenta escapar, mas, por causa das farpas, a parte posterior de seu abdômen, onde está localizado o ferrão, fica, na maioria das vezes, presa na pele da vítima e, em alguns casos, e ela perde parte do intestino, morrendo em seguida. Seus órgãos prejudicados, nos casos em que o aguilhão fica preso na vitima, variam do intestino até o coração.

Infelizmente, não é só ferroada de abelha que dói. A de gente também é capaz de produzir uma dor insuportável na alma de quem foi, ou julga que foi, tratado injustamente. Ferrão de gente tem as mais diferentes formas: abusos físicos, verbais ou sexuais, bullying, traição, abandono, injustiça, agressão, ofensa, desprezo, insulto, vergonha, humilhação, maus tratos, dívida, golpe, desonestidade, calúnia, fofoca, desrespeito, etc. Ao ser ferroada, a pessoa só será curada depois que o ferrão for retirado da alma, depois que o perdão for concedido a quem o “ferroou”.

Quem foi “ferroado” por um ser humano costuma ficar indisposto a perdoar. Normalmente não admite que esteja ressentido, mas, ao tocar no nome da pessoa ou se lembrar da situação, brotam-lhe, do íntimo, raiva e rancor, transformando-se para o mal. Dizem que não têm nada contra o indivíduo, mas não querem nem ouvir falar nele. São pura mágoa.

O ferrão não arrancado da alma pode causar, no corpo, diversas doenças: insônia, dor de cabeça, esgotamento físico e mental, artrite, palpitações, taquicardia, úlceras, pressão alta, doença de pele, etc. Emocionalmente, o ferrão na alma nos aprisiona ao passado e a quem nos ferroou. Torna-nos amargos e incapazes de amar. Já espiritualmente, o ferrão do ressentimento, não arrancado, também é fatal, pois quem não perdoa não pode dizer que um dia foi perdoado pelo Pai celestial (1Jo 4.19-21).

Graças a Deus que não precisamos conviver com esse ferrão de ressentimento destilando veneno e dor em nossa alma, matando-nos aos poucos. Há remédios para esse mal; não importa o tamanho da ferroada. É o remédio da graça de Deus que, se tomado pela fé, poderá arrancar o ferrão e sarar a ferida no corpo, na alma, nos relacionamentos e na caminhada com Deus. Vejamo-los:

1 – Encare o ferrão e deixe Deus colocar a mão nele – Não o deixe continuar lá na sua alma destilando veneno, provocando-lhe dor, matando você aos poucos, destruindo seus relacionamentos com o próximo e com Deus. Confesse ao Altíssimo o seu ódio, a sua amargura, o seu ressentimento e libere o perdão.

2 – Entregue a sua causa ao Justo Juiz – Além de admitir que há veneno de ódio e rancor circulando-lhe pelas veias da alma (o qual precisa ser drenado, expurgado, confessado), encare o ferrão e deixe Deus colocar a mão nele. Isso significa reconhecer que deve haver justiça. Sim, deve haver justiça. E Deus a fará.

Entregar a sua causa ao Justo Juiz significa confiar na aplicação de seus decretos. Aos que se arrependem, e creem em Jesus, Deus lhes imputa justiça e derrama todos os seus pecados (inclusive aqueles cometidos contra nós) em Cristo. Aos que não se arrependem e não creem em Jesus, Deus lhes derramará justo juízo no Dia Final.

3 – Encontre o propósito soberano de Deus para o seu sofrimento – Deus nunca é pego de surpresa. Ele não só conheceu, de antemão, tudo o que nos aconteceria como também decretou que assim o fosse, do contrário ele não seria Soberano. E tudo o que acontece, de bom ou de mau, coopera para o bem, sempre para o bem, daqueles que o amam e são chamados de acordo com os seus propósitos (Rm 8.28; 2Co 1.3-50).

Que o Eterno nos ajude a vencer o gigante do ressentimento. Que possamos amar uns aos outros e ser benção na vida de nossa família e de nossa igreja

Com carinho,

Rev. Romildo Lima de Freitas

 

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