Paulo, escravo de Jesus Cristo, chamado para ser apóstolo, separado para o evangelho de Deus (Rm 1.1).

No mundo você é escravo de Cristo ou do diabo. O maior teólogo do Novo Testamento, o apóstolo Paulo, afirmou: “Paulo, escravo de Jesus Cristo…” O vocábulo que usou para designar o termo escravo é “doulos”. Ao apresentar-se como apóstolo, apresenta-se também como “servo de Cristo Jesus”. A palavra doulos, que ele usou, é mais do que servo, significa escravo. Um servo tem a liberdade de ir e vir, de ligar-se a outro amo, mas um escravo é possessão de seu amo para sempre. William Barclay diz que, quando Paulo se chama de escravo de Cristo Jesus, o faz por três motivos:

Em primeiro lugar, deixa claro que ele é possessão absoluta de Cristo – Jesus o amou e o comprou mediante um alto preço (1Co 6.20). Por isso, Paulo não pode pertencer a mais ninguém além de Cristo.

Em segundo lugar, deixa claro que deve a Cristo obediência absoluta – O escravo não tem vontade própria; sua vontade é fazer a vontade do seu senhor. As decisões do seu senhor são as que regem sua vida. Paulo não tem outra vontade senão a de Cristo. Seu projeto de vida é obedecer a Ele.

Em terceiro lugar, deixa claro que ser servo de Cristo é a maior honra – Esse é o mais elevado dos títulos. A escravidão cristã não é uma sujeição humilhante e degradante; pelo contrário, como disse Agostinho, “quando mais servos de Cristo somos, mais livres nos sentimos. Ser escravo de Cristo é ser rei. Ser escravo de Cristo é o caminho para a liberdade perfeita. Porque somos escravos de Cristo, somos livres da penalidade, da escravidão e da degradação do pecado.”

Embora tenha sido o melhor fariseu da sua época, Paulo não passava de um escravo do judaísmo, tentando justificar-se e agradar a Deus através de boas obras. Ele era “extremamente zeloso das tradições dos seus antepassados” (Gl 1.14). E confiava na sua herança religiosa para alcançar a salvação: “… hebreu de hebreus… quanto à justiça que há na lei, era irrepreensível” (Fp 3.5,6). Mas o Cristo ressurreto, por meio da sua maravilhosa graça, transformou sua vida e o libertou da maior escravidão – o seu pecado.

Paulo encontrou-se com a Verdade (o próprio Cristo) e entendeu que, agora, tinha um novo Senhor, passando a servi-Lo a partir de então. E, como escravo de Cristo, não poderia mais fazer sua própria vontade: “Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo” (1Co 6.19,20). Esse é o verdadeiro paradoxo: só encontramos a verdadeira liberdade quando nos tornamos escravos (servos) de Cristo. “Mas, graças a Deus, porque, embora vocês tenham sido escravos do pecado, passaram a obedecer de coração à forma de ensino que lhes foi transmitida. Vocês foram libertados do pecado e tornaram-se escravos da justiça” (Rm 6.17,18).

Em Cristo estamos livres do pecado, mas não somos livres para pecar (Rm 6.1; Gl 5.1,13). O pecado não reina mais sobre nossa vida, pois estamos debaixo da graça (Rm 6.13,14). E os que são de Cristo Jesus, crucificaram a carne com suas paixões e desejos pecaminosos (Gl 5.24).

O filho pródigo não valorizava a liberdade de que desfrutava na casa do pai; sentia-se preso (escravo). Por isso, foi embora atrás da “verdadeira liberdade”. Mas, infelizmente, descobriu, na prática, que se havia tornado escravo da própria liberdade. Então, ele fez a melhor escolha: retornou, arrependido, implorando o perdão. “Pai, pequei contra o céu e contra ti. Não sou mais digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus empregados” (Lc 15.11-24).

O pecado é o pior senhor que alguém pode ter, pois ele escraviza de tal forma que o seu preço é a morte (Rm 6.23). Jesus é o único que pode libertar o homem. “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. Todo o que comete pecado é escravo do pecado. Se, pois, o filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (João 8.32,34,36).

Soli Deo Gloria

Rev. Romildo Lima de Freitas

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