Na última quinta-feira (07/06), estava com meus filhos no carro, e minha filha me perguntou o seguinte: “Pai, por que os católicos todo ano colocam este tapete na rua?” Para responder ao questionamento dela fui pesquisar sobre o assunto em tela.

O que significa Corpus Christi, quando e como surgiu essa tradição? Corpus Christi vem do latim e significa “corpo de Cristo”. Se-gundo a história essa tradição teve seu inicio no século XIII com a bula Transiturus de hoc mundo, de 11 de agosto de 1264. Ela foi instituída pelo papa Urbano IV. A festa tem como função reforçar entre os católicos a ideia da presença do corpo e do sangue de Cristo na eucaristia, segundo a doutrina da transubstanciação. É celebrada com uma procissão pelas ruas da cidade, que são previamente deco-radas com um tipo de tapete feito de serragem colorida, flores e ou-tros tipos de materiais. A origem dessa procissão está ligada ao fato de o clérigo Pedro de Praga, que possuía dúvidas sobre a presença corporal de Cristo na eucaristia, ter testemunhado que, no momento da consagração da hóstia, ela se transformou em carne e respingou sangue. O papa Urbano IV ordenou que os objetos envolvidos nesse evento fossem enviados a Orviedo, na Itália, em meio a uma grande procissão, fazendo nascer o rito.

Nós, como evangélicos, não comemoramos tal festa porque discordamos da doutrina da transubstanciação, a qual afirma que os elementos da ceia se tornam, literalmente, corpo e sangue de Cristo. Nós como calvinistas, interpretamos a ceia (elemento pão e vinho) de uma forma espiritual. Ou seja, Cristo se faz presente, porém de forma espiritual, nos elementos da ceia.

O Novo Testamento diz que a igreja de Deus é como um edifício cuja intenção é servir de habitação para Deus na Terra (Ef 2.19b-22). Nesse edifício, cada crente é como uma das pedras dessa enorme construção.

Se a igreja, ou seja, o conjunto de todos os salvos, tem o privilégio da presença de Deus em si, cada crente, em particular, é também habitado por Deus por meio do Espírito Santo: “Não sabeis que sois

santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1Co 3.16).

Em lugar de tapetes de serragem e procissões, a igreja de Cristo, tendo em vista a santa presença em seu meio, é chamada a se “santificar” – que quer dizer “se separar”. Mas se separar de quê?

Os crentes em Cristo devem se separar da impureza: “Acaso não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? (1Co 6.19,20). Os coríntios, segundo esse texto, deviam abandonar seus hábitos antigos, incluindo os que envolviam a imoralidade. A razão disso é que eles, como “santuário do Espírito Santo”, não podiam utilizar o que pertencia a Deus para dar lugar ao diabo. O mesmo vale para nós, crentes do século XXI.

Os crentes em Cristo devem se separar do mundo perdido: “Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniquidade? Ou que comunhão da luz com as trevas? Que harmonia entre Cristo e o Maligno?” (2Co 6.14-16). Isso, obviamente, não quer dizer reclusão do mundo, porque somos enviados a viver nele e nele também brilhar a luz de Cristo (Jo 17.18, 1Pe 2.9).

Entretanto, nosso convívio com o mundo perdido deve ser marca-do pelos limites impostos pela santidade de Deus. Lembremos sempre que a amizade do mundo é inimiga de Deus e que aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus (Tg 4.4).

Que a presença de Cristo em nós seja a motivação para uma vida que busca a santidade a fim de ser um templo digno da habitação do Senhor.

Que a nossa própria vida sirva de tapete para o Senhor, cujos ade-reços não sejam flores, serragem colorida e corantes, mas fidelidade, compromisso, serviço amor e testemunho.

Rev. Romildo Lima de Freitas

 

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