Vivemos em uma sociedade onde, desde pequenos, somos ensinados a sempre ganhar.
Falar sobre perda em uma sociedade consumista e individualista não é nada popular.
O ensino bíblico nos afirma que é possível ganhar quando perdemos. O próprio Senhor Jesus afirmou: “Quem quiser, pois, salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por causa de mim e do evangelho salvá-la-á” (Mc 8.35).
Infelizmente, esse princípio Bíblico tem sido negligenciado em nossos dias. Muitos são aqueles que preferem os aplausos do mundo ao sim de Deus. Outros preferem trocar os valores eternos pelos prazeres transitórios dessa vida efêmera.
Aprender a perder para ganhar é tão importante para o crente que isso está escrito nos quatro evangelhos: Mt 16.25; Mc 8.36; Lc 9.24; Jo 12.25. Em João, Jesus usou a metáfora da semente: “Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto. Quem ama a sua vida perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo preservá-la-á para a vida eterna” (Jo 12.24,25).
O escritor aos hebreus lista, no capítulo, o exemplo de homens de Deus, como Abraão e Moisés, que ganharam quando perderam. Então vejamos:
Pela fé, Abraão, quando chamado, obedeceu (perdeu a companhia dos familiares e o conforto da cidade de Ur). Ele partiu sem saber aonde ia. E, quando foi posto à prova, se dispôs a perder o próprio filho por amor a Deus, acreditando que Deus era poderoso até para ressuscitá-lo dentre os mortos (Hb 11.8,9; 17-19). Por isso, ele se tornou o pai da fé e ficou conhecido como amigo de Deus (Jo 8.56; Tg 2.23).
“Pela fé, Moisés, quando já homem feito, recusou ser chamado filho da filha de Faraó [perdeu os privilégios do palácio], preferindo ser maltratado junto com o povo de Deus a usufruir prazeres transitórios do pecado; porquanto considerou o opróbrio de Cristo por maiores riquezas do que os tesouros do Egito, porque contemplava o galardão.[…] permaneceu firme como quem vê aquele que é invisível” (Hb 11.24-27). Moisés perdeu toda a riqueza do Egito porque preferiu as celestiais, que só Cristo nos pode dar.
Paulo, o apóstolo dos gentios, fez desse princípio o seu alvo. Ele entendeu que a verdadeira vida começa quando morrermos (crucificados com Cristo) e passamos a viver pela fé em Cristo (Gl 2.20). Ele perdeu tudo, mas ganhou o mais sublime. “Mas o que para mim era lucro, passei a considerar como perda, por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como esterco, para ganhar a Cristo” (Fl 3.7,8).
O maior exemplo é o do próprio Jesus, que, sendo Deus, esvaziou-se a si mesmo, fez-se homem, viveu como servo, humilhou-se a si mesmo, foi obediente até a morte, e morte de cruz! (Fl 2.6-8).
O cristão é chamado a viver esse paradoxo da vida cristã: perder a própria vida por causa de Cristo e do Evangelho para ganhar a vida eterna. Deixar os prazeres terrenos e passageiros para desfrutar dos banquetes celestiais e eternos (Sl 16.11).
Que o Eterno nos ajude a viver para Ele, neste mundo, de tal maneira que Ele se agrade de nós e que, no tempo oportuno, possamos desfrutar, na eternidade, as bênçãos do céu.
Seu pastor
Rev. Romildo Lima de Freitas