O Salmo 23 é, sem dúvida, a porção da Bíblia mais conhecida de todos. Nenhum outro toca tão profundamente nossas emoções, pois ele fala de uma paz e serenidade tão profundas que nem sequer a ameaça da sombra da morte pode perturbá-las.
Esse texto é uma declaração da confiança irrestrita do salmista no Deus eterno, a quem nada pode limitar. Trata-se de um Senhor que nunca age com infidelidade ou indiferença para com as suas ovelhas.
Se o Salmo inteiro não é conhecido de todos, o versículo “o Senhor é meu pastor; nada me faltará” é um dos mais conhecidos do Antigo Testamento e de toda a Bíblia. Porém, mesmo muito conhecido, tal Salmo nem sempre é corretamente compreendido. Para tanto, é preciso entender o seu contexto, ou seja, o momento pelo qual Davi estava passando.
Davi sofria com a perseguição dos inimigos e com os riscos advindos dela. Em face disso, ele confiava plenamente no fato de que o Senhor o livraria dos inimigos e tornaria pública sua atuação favorável a seu servo. Deus, a seu tempo, também o honraria como rei diante do povo, com todos os privilégios que acompanham o cargo.
É possível, então, perceber a confiança de Davi por meio da comparação do cuidado de Deus em relação ao seu povo com o cuidado de um pastor em relação às suas ovelhas. Nesse sentido, quero listar quatro lições para o nosso crescimento:
O Supremo Pastor é quem providencia o alimento para suas ovelhas (v.2). Diz o salmista: “Ele me faz repousar em pastos verdejantes…” A Palavra de Deus é o alimento de que toda ovelha precisa. Ele já foi providenciado; cabe a nós saciarmos o nosso apetite nos pastos dessa Palavra. É através desse alimento que nos sentimos fortalecidos para a jornada cristã.
O Supremo Pastor é quem nos conduz em segurança (v.2). Davi escreve: “Leva-me para junto das águas de descanso.” Considerando que algumas regiões de Israel são montanhosas, onde há rios cujas águas correm mais rápido que as dos da planície, uma das responsabilidades do bom pastor era levar suas ovelhas aonde as águas não fossem do tipo “corredeiras”. Essa necessidade vem do fato de as ovelhas terem uma pelagem tão densa e farta que, quando molhada, aumenta o seu peso até ao ponto em que ela não possa se sustentar na correnteza e afunde para a morte. Assim, essa tarefa do pastor está relacionada ao cuidado do Senhor com suas ovelhas. Cabe ao pastor conduzi-las em segurança, mostrando-lhes o caminho, para que elas possam desviar-se dos perigos.
O Supremo Pastor é quem nos consola (v. 4). “… O teu bordão e o teu cajado me consolam”. A razão de o salmista não ter medo era porque o Pastor estava por perto para cuidar do rebanho e consolá-lo. O bordão servia para livrar as ovelhas dos perigos e para afugentar algum predador, e o cajado para ajudá-las caso alguma caísse em algum buraco. Portanto, o consolo vem de saber que Deus nos protege e nos ajuda no meio dos vales da vida.
Olhando para o Salmo 23, descobrimos que o Pastor de Davi é também o pastor de todos aqueles que creem em Jesus. Certa ocasião nosso Senhor afirmou: “Eu sou o bom pastor” (Jo 10.11).
Como é bom sabermos que o nosso pastor promove o alimento, a segurança e o consolo de que precisamos. Foi ele quem nos redimiu e nos libertou do pecado, morrendo em nosso lugar. Somente aquele que já reconheceu Jesus como seu Senhor e Salvador pode experimentar as bênção contidas nesse Salmo.
Soli Deo Gloria
Rev. Romildo Lima de Freitas