O livro dos Atos dos Apóstolos foi escrito para instruir os cristãos acerca da missão da igreja de Cristo. Começando por Jerusalém, os discípulos fariam Cristo conhecido “até aos confins da terra” (At 1.8). A partir do derramamento do Espírito Santo (At 2.1-4), o testemunho da igreja começou a impactar a cidade de Jerusalém, a partir de gente simples, porém, cheia de fé e de coragem para testemunhar.
Atos dos Apóstolos mostra a importância do testemunho como instrumento de pregação do evangelho, destacando o modo de vida dos convertidos, com ênfase no crescimento da igreja e a expansão do evangelho.
O que o mundo via na igreja para querer se aproximar dela? Via pessoas que viviam de acordo com o que acreditavam e pregavam. A isso, damos o nome de testemunho cristão.
O texto de Atos 2.42 começa dizendo: “E perseveravam…” Esse “E” indica que os quase 3.000 novos convertidos (At 2.41), recém-batizados e recebidos na comunhão da igreja, já estavam incluídos nas atividades descritas nesse texto. Já davam o seu testemunho acerca do Cristo ressuscitado, a partir do seu novo modo de vida. Eles eram novos na fé, mas já revelavam perseverança na sua trajetória junto de Jesus e sua igreja. Eram crentes ousados e dispostos a fazer diferença e impactar sua cidade com as boas novas.
Perseverar significa “persistir, insistir”, o que pressupõe a existência de desafios e obstáculos. Entre os primeiros cristãos, a perseverança era notória:
· Perseveravam na doutrina dos apóstolos – Doutrina diz respeito ao que cremos e confessamos. A doutrina dos apóstolos partia do princípio de que Jesus é o verdadeiro Filho de Deus que veio ao mundo, morreu em nosso lugar, perdoou os nossos pecados e, pela sua ressurreição, nos garantiu a vida eterna. A um mundo que ainda esperava o Redentor, a igreja de Cristo testificava que ele já viera e era o único e suficiente Salvador;
· Perseveravam na comunhão e no partir do pão – Na prática da comunidade cristã nascente vemos que a unidade na doutrina gera unidade na comunhão e no partir do pão. Aqueles que confessam a mesma fé em Jesus sentem prazer em estar juntos;
· Perseveravam nas orações – Os primeiros cristãos nos ensinam que a oração é a força que move a caminhada da igreja e a torna apta para vencer os grandes desafios. Perseverar na oração é continuar orando, é orar em todo tempo. Enquanto as vitórias vinham, os primeiros cristãos oravam; na verdade, as vitórias vinham porque eles oravam;
· Perseveravam no temor de Deus – Aqueles crentes eram cheios do temor de Deus. O melhor sinônimo para temor a Deus é “entusiasmo”, que significa “ser tomado por Deus”. Eles eram perseverantes porque estavam “cheios da graça e poder de Deus”. Por isso, feitos extraordinários – sinais e prodígios – aconteciam com naturalidade entre eles.
Podemos e devemos ser uma igreja perseverante hoje. Mas, para isso, é necessário ter a mesma disposição daqueles irmãos, no que se refere a obedecer às doutrinas, buscar comunhão, cultivar vida de incessante oração, e fazer tudo isso no temor de Deus.
Rev. Eneziel Peixoto de Andrade