É comum, para a maioria das pessoas, desfrutar férias em janeiro. As escolas permanecem fechadas. Muitos funcionários programam suas férias para esse período. É um tempo em que os filhos que estão morando fora retornam pra casa; um tempo em que as famílias se reúnem, viajam, celebram prazerosamente a vida.
Todos merecem alguns dias de férias. É pena que muitos, devido às mais diversas circunstâncias, não possam usufruir um tempo de férias.
As férias são uma pausa em nossa vida corrida. Elas quebram nossa rotina, geralmente marcada por tantos compromissos, que produzem estresse e desgaste, tanto físico quanto emocional.
Todos precisam descansar. O descanso é bíblico. Até Deus, que não experimenta cansaço como nós experimentamos, estabeleceu um dia de descanso após concluir as obras da criação – “E, havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera.” (Gn 2.2,3). Assim como o trabalho é abençoado, o tempo de descanso é também um tempo abençoado. É um tempo que oportuniza o relaxamento, depois de 12 meses de trabalho. As férias nos convidam a atividades diferentes; e possibilitam um descanso mais tranquilo, livre das estressantes agendas. É um tempo em que nos dedicamos a nós mesmos, permitindo-nos certos caprichos que não são comuns durante o ano. É um tempo em que também nos disponibilizamos e nos dedicamos, com maior intensidade, às pessoas que nos são tão caras, vivenciando momentos que se tornam inesquecíveis.
Entretanto, as férias são um convite não apenas ao relax físico e à liberação da tensão emocional acumulada sob a pressão de um ano de atividades. Férias têm a ver também com espiritualidade. Isto mesmo! Férias têm a ver com espiritualidade. Quebrar a rotina e mergulhar no silêncio, entregar-se à leitura de bons livros, à meditação, à contemplação da natureza, à oração… pisar com os pés descalços a areia, sentir o toque da água fria, deixar-se acariciar pelo vento, ceder à sedução das cores e dos sabores… são exercícios espirituais, que produzem o verdadeiro descanso.
O próprio Senhor Jesus, que vivia sob pressão durante o seu ministério terreno, valorizava os momentos de recolhimento. Narra o Evangelista Mateus que, após a desgastante tarefa de cuidar de cinco mil homens (além de mulheres e crianças), que estavam famintos, e muitos deles doentes, “…compeliu Jesus os discípulos a embarcar e passar adiante dele para o outro lado, enquanto ele despedia as multidões. E, despedidas as multidões, subiu ao monte, a fim de orar sozinho. Em caindo a tarde, lá estava ele, só.” (Mt 14.22,23). Aqui, Jesus ensina sobre a importância do recolhimento. O recolhimento possibilita o necessário repouso físico; e propicia a oportunidade para a reflexão e a comunhão com Deus, longe do barulho do dia a dia e das exigências desta vida cada vez mais corrida.
Para entender melhor o significado dessa experiência, sugiro a leitura de O Monge e o Executivo, do autor James C. Hunter.
Aproveite suas férias!
Rev. Eneziel Peixoto de Andrade