O tema da unidade cristã permeia as páginas das Escrituras, e a perspectiva do apóstolo João oferece uma visão particularmente profunda e significativa. Em suas epístolas e no Evangelho, João destaca a importância da comunhão entre os crentes como reflexo da própria natureza de Deus.
Para João, a unidade não é simplesmente uma questão de coexistência pacífica, mas uma realidade espiritual fundamentada na relação dos crentes com Deus. Em sua primeira epístola, ele escreve: “Mas, se andarmos na luz, como ele está na luz, temos comunhão uns com os outros” (1 João 1:7). Aqui, João conecta diretamente a comunhão entre os crentes à sua comunhão com Deus, sugerindo que a unidade entre os seguidores de Cristo é inseparável de sua comunhão com o Pai.
Essa unidade não é uniformidade, mas diversidade em harmonia. João reconhece a diversidade de dons, experiências e perspectivas entre os crentes, mas enfatiza que, em Cristo, eles são unidos em um só corpo (1 Coríntios 12:12-13). Essa unidade na diversidade é um testemunho poderoso do amor de Deus, como Jesus orou: “Para que todos sejam um, assim como tu, ó Pai, és em mim, e eu em ti” (João 17:21).
Além disso, João destaca a importância do amor mútuo entre os crentes como evidência de sua fé genuína (1 João 4:7-12). Ele escreve que aqueles que amam a Deus devem também amar seus irmãos, pois “quem não ama seu irmão, a quem viu, não pode amar a Deus, a quem não viu” (1 João 4:20). Portanto, a unidade cristã não é apenas uma questão de convivência pacífica, mas uma expressão tangível do amor de Deus em ação.
No entanto, João também reconhece as realidades do conflito e divisão entre os crentes. Ele adverte contra o espírito de divisão e ódio, exortando os crentes a se esforçarem pela reconciliação e pela restauração da comunhão (1 João 4:20-21). A unidade não é algo que os crentes podem alcançar por seus próprios esforços, mas é o resultado da obra do Espírito Santo em seus corações, capacitando-os a amar e perdoar como Cristo amou e perdoou.
Em última análise, a unidade cristã na perspectiva de João é um reflexo da própria natureza de Deus como amor (1 João 4:8).
Pr. Eneziel Peixoto de Andrade
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