Para ser diácono tem de ser vocacionado. Anelar ao diaconato porque acha o cargo “bonito”, não é bíblico. O vocábulo diácono significa “servo, assistente”. É alguém escolhido para o serviço.
Quero relembrar aos irmãos alguns requisitos exigidos para aquele que vai exercer esse cargo. Então os vejamos:
Ser vocacionado por Deus – Na Igreja de Cristo ninguém tem autonomia para se autonomear. Deus condena a autovocação (Jr 23.21,32). Pastor, Presbíteros e Diáconos, todos, sem exceção, precisam ser vocacionados por Deus para esses ofícios (Hb 5.4). Não estamos a nosso serviço, mas de Deus. Somos embaixadores de Deus em nome Cristo (2Co 5.20), soldados de Cristo (2Tm 2.3), mordomos da despensa de Deus (1Co 4.1). É Deus quem vocaciona e comissiona. A obra é d’Ele. Ele é o Senhor dos meios e dos fins.
Ser discípulo de Cristo – Ora, naqueles dias, multiplicando-se o número dos discípulos, houve murmuração dos helenistas contra os hebreus, porque as viúvas deles estavam sendo esquecidas na distribuição diária. […] Mas, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria, aos quais encarregaremos deste serviço (At 6.1,3). Os diáconos seriam escolhidos pela Igreja, entre os seus membros, entre os discípulos de Cristo. O diaconato não pode ser terceirizado. Também os diáconos não são crentes meramente “nominais”, que apenas estão no meio de um grupo considerado de discípulos. As próprias qualificações exigidas vão indicar o seu discipulado. A escolha do diácono nunca pode ser uma questão política ou social; antes, é teológica e espiritual.
Ter boa reputação – Mas, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação… (At 6.3). O diácono precisava ter o reconhecimento público de uma vida digna. Ele trataria com situações delicadas envolvendo necessidades de irmãos, dinheiro, alimento e bens da igreja. Não deveria pairar suspeita sobre ele, sobre a sua conduta. Vejam-se, comparativamente, At 10.22; 16.2; 22.12; 1Tm 5.10; Hb 11.2,4.
Ser cheio do Espírito Santo – Mas, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito… (At 6.3). É pelo Espírito que nos tornamos verdadeiros seres humanos no emprego correto e intenso de nossa capacidade. O Espírito não nos aliena; antes, conduz-nos à percepção mais aprimorada e intensa da Palavra de Cristo que habita ricamente em nós e nos estimula e capacita, espiritual e intelectualmente, a entender e a obedecer à Palavra de Deus. Os diáconos precisavam ser cheios do Espírito, como todo cristão (Ef 5.18), para poderem, de modo especial, desempenhar as suas atividades dignamente, com discernimento, demonstrando amor, alegria, paz, longanimidade, mansidão… que são subprodutos do amor, que é o fruto do Espírito (Gl 5.22,23).
Ser cheio de sabedoria – Mas, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria… (At 6.3). Essa sabedoria tem pouco ou nada a ver com conhecimento. Os diáconos precisariam ter a sabedoria concedida pelo Espírito para saberem como resolver os problemas que já existiam e outros novos que não tardariam a aparecer. A fonte da sabedoria está em Deus (Rm 11.33; 1Co 1.21). Os diáconos precisariam ter a sabedoria do alto (Tg 1.5,6; Ef 1.17) para seguirem os melhores meios para atingir os fins mais nobres de sua vocação. Somente o Deus perfeitamente sábio poderia lhes conceder essa sabedoria.
Ser respeitável – Semelhantemente, quanto a diáconos, é necessário que sejam respeitáveis… (1Tm 3.8). Podemos definir isso como honestidade, dignidade e seriedade (Fp 4.8; 1Tm 3.8,11; Tt 2.2). Na literatura clássica, a palavra era empregada para os deuses e as coisas divinas, demonstrando a sua magnificência e majestade. O diácono deve ter um procedimento sério, nobre, digno de todo o respeito e admiração, como resultado da submissão dos seus sentimentos e pensamentos a Deus. A palavra grega confere o sentido de graça, dignidade e honradez. A respeitabilidade, aqui exigida, combina, de forma bela e harmoniosa, a simplicidade com a nobre honradez.
Ter uma só palavra – Semelhantemente, quanto a diáconos, é necessário que sejam respeitáveis, de uma só palavra (1Tm 3.8). A expressão pode ser entendida de três formas não excludentes: a) O diácono não deve ser um difamador, levando e trazendo casos dos lares onde visita (não deve ser mexeriqueiro); b) Não deve ser alguém que pense uma coisa e diga outra; c) Não deve ser alguém que diz uma coisa a uma pessoa e algo diferente a outra, falando de acordo com o interesse do seu interlocutor, conforme as circunstâncias.
Seja marido de uma só mulher – O diácono seja marido de uma só mulher e governe bem seus filhos e a própria casa (1Tm 3.12). Aqui não se estabelece uma regra dizendo que os diáconos devem ser casados; o que se diz é que eles, sendo casados, devem ser “maridos de uma só mulher”.
Soli Deo Gloria
Rev. Romildo Lima de Freitas