Às vezes vemos anúncios com os dizeres acima. Jesus, criticado pelos fariseus e escribas (Lc 15), que eram conhecedores das Escrituras, contou-lhes uma parábola dividida em três partes, como dizem uns, ou três parábolas como preferem outros:
A Ovelha Perdida – A ovelha tinha dono, mas, atraída pelos campos, saiu mundo afora e se perdeu. Com pouca visão, sem condições de se defender, seu destino seria ser devorada pelos predadores ou cair em algum despenhadeiro. O pastor sai a procurá-la e, achando-a, reúne amigos e se alegra por havê-la recuperado.
A Dracma Perdida – Dracma era uma espécie de medalha ou moeda. Ela estava perdida dentro de casa. Sua dona a procura até achá-la. Alegre, reúne suas amigas por tê-la achado.
O Filho Perdido – O título O Filho Pródigo não faz parte dos escritos bíblicos. Ele foi colocado para maior compreensão dos leitores. Temos visto muitas pessoas destacando a boa atitude desse rapaz, dizendo que precisamos seguir seu exemplo, pois ele se arrependeu e voltou para o pai. Mas parece não ser bem assim. Sem entrar em detalhes, ele, o caçula, pediu sua parte na herança. O pai repartiu os haveres entre os dois irmãos (v. 12) e ele se foi, gastando tudo, de forma errada. Passou fome, teve de tratar de porcos, animais considerados imundos pelos judeus, que evitavam até tocar neles. Teve vontade de comer alfarrobas (espécie de fruta adocicada que era misturada à comida dos suínos), mas não lhe davam nada. Caindo em si, lembrou-se de que os empregados do pai tinham pão com fartura. Resolveu, então, voltar para casa confessar seu erro e pedir que fosse tratado como um dos trabalhadores.
Aparentemente, muita humildade. Porém ele voltou não por arrependimento, por amor, mas porque estava morrendo de fome, na intenção de ser recebido como um trabalhador (v. 19) e não como um servo (v.22). Naquela época havia servos (escravos − v. 22) e trabalhadores. O trabalhador (jornaleiro) recebia o dobro do servo (Dt 15.18) e não precisava morar com o patrão.
Antes que pedisse perdão, o pai o tratou com afeto, como uma pessoa livre (deu-lhe sandálias), restituiu-lhe o poder (anel) e fez uma festa para ele, alegrando-se, com os amigos, por sua volta.
O filho mais velho, que estivera no campo, retorna, revolta-se e se queixa de o pai estar festejando o retorno de seu irmão e nunca lhe ter dado sequer um cabrito para se “alegrar com os amigos” (v. 29). Acusa o irmão de haver gastado com prostitutas, sendo que nem sabia onde ele havia estado. Não quis entrar em casa, quando seria sua função estar lá recepcionando os convidados.
O bom exemplo da parábola está no pai. Ele representa Deus. O v. 24 é esclarecedor: “este meu filho estava perdido e foi achado.” Essa afirmativa está repetida no v. 32. Ou seja, quando alguém está extraviado, é Deus quem o acha e o traz de volta. Se alguém sai da Igreja e jamais retorna é porque nunca foi filho de Deus; saiu para que isso ficasse manifestado (1Jo 2.19).
Na verdade, os dois filhos estavam perdidos: um no mundo e o outro dentro de casa.
Cabe a nós, que estamos dentro de casa (Igreja), indagar: Estamos recebendo bem aqueles a quem Deus busca e coloca em nosso meio? Estamos frequentando a Igreja apenas em busca de pão e saúde, sem amor ao Pai nem aos irmãos? Estamos perdidos dentro de nossa própria casa?
Se a resposta for sim, cabe-nos arrepender-nos e pedir ao Altíssimo que nos perdoe e nos transforme.
Roosevelt Silveira