Muita gente só dá valor a algo depois que o perde. Você já passou por essa experiência? Já perdeu alguém, ou alguma coisa, e só depois passou a lhe dar valor?
O Salmo 84 foi escrito por alguém que já não estava em Jerusalém próximo aos átrios do Senhor, impossibilitado, portanto, de ir ao templo para celebrar principalmente as três festas anuais: a Páscoa, Festa das Semanas e a Festa do Tabernáculo (Êx 23.17; 34.23). Não é que o salmista nunca tivesse dado valor a isso, mas ele tinha perdido a comunhão em Sião e sentia muita falta daquele tempo de glória. Esse se tornou, portanto, um Salmo de peregrinação.
O Salmo 84 está dividido em três partes, cada uma delas separada da outra pela expressão “Selá”, que é encontrada nas Bíblias mais antigas e significa também “Pausa”. Ela aparece no final dos versos 4 e 8. O que notamos nos três parágrafos é o estado de maravilha de quem o escreveu:
Versos 1-4 – O salmista está Maravilhado pela comunhão em Sião.
Versos 5-8 – O salmista está Maravilhado pela oportunidade de peregrinação até Sião.
Versos 9-12 – O salmista está Maravilhado pelo dia passado em Sião.
Quero listar três coisas que o deixavam maravilhado quando se lembrava da casa de Deus:
A igreja deve ser um lugar agradável – “Quão amáveis são os teus tabernáculos, Senhor dos Exércitos!” (Sl 84.1) – O salmista descreve a Casa de Deus como sendo “agradável”, “amável” e “digna de ser amada”. O que a torna agradável é a presença de Jesus no meio dela: “Eu amo, Senhor, a habitação de tua casa e o lugar onde tua glória assiste” (Sl 26.8). “Cantai louvores ao Senhor, que habita em Sião […] Contudo, tu és santo, entronizado entre os louvores de Israel” (Sl 9.11; 22.3). “Tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente” (Sl 16.11). “Alegrei-me quando me disseram: Vamos à Casa do Senhor” (Sl 122.1).
Portanto, estar na Casa de Deus deve ser prazeroso para todo cristão, momento esse onde sentiremos a presença de Jesus em todas as partes do culto.
A igreja deve incendiar o coração – O príncipe dos pregadores, Spurgeon, confessava que se sentia como uma tocha que se queimava, do púlpito, aonde todo domingo os membros de sua igreja iam reacender suas tochinhas nele. Assim deve ser, para todo cristão, a Igreja: um local aonde todo domingo ele venha reacender a tochinha para prosseguir mais uma semana. Ela é um lugar que incendeia o desejo.
O salmista assim se expressou: “A minha alma suspira e desfalece pelos átrios do Senhor; o meu coração e a minha carne exultam pelo Deus vivo!” (Sl 84.2). Ele confessa que, longe do Senhor, todo seu ser almeja a presença d’Ele, deseja a alegria de cantar em Sua presença. “Uma cousa peço ao Senhor, e a buscarei: que eu possa morar na Casa do Senhor para todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do Senhor e meditar no seu santo templo” (Sl 27.4).
A igreja deve despertar a devoção – “O pardal encontrou casa, e a andorinha ninho para si, onde acolha os seus filhotes; eu, os teus altares, Senhor dos Exércitos, Rei meu e Deus meu! Bem-aventurados os que habitam em tua casa; louvam-te perpetuamente” (Sl 84.3-4).
Longe da Casa de Deus, o salmista teve tempo para lembrar-se de todas as coisas e também para refletir sobre tudo, em detalhes. Por exemplo: ele pensou até nos pássaros que fizeram ninhos nos arredores da Casa de Deus. Eram os pardais e as andorinhas. O pardal era um pássaro sem valor (nos dias de Jesus, dois pardais valiam uma moedinha − Mt 10.29) e a andorinha uma ave vagante, migratória (Jr 8.7). A conclusão dele foi que tanto o pobre quanto o peregrino sempre encontram o de que precisam na comunhão da Casa de Deus.
Meu amado irmão, aproveite o tempo de que você dispõe para estar na Igreja e lhe dê o merecido valor, pois pode ser que amanhã você deseje estar nela e, por algum motivo, não tenha condições.
Soli Deo Gloria
Rev. Romildo Lima de Freitas