Leia Filipenses 4.2 a 7

A vida em comunidade foi idealizada por Deus desde o início da Criação. Viu Deus que não era bom que o homem estivesse só, por isso fez para ele uma companheira; e os abençoou com a bênção da fecundidade para que se multiplicassem e usufruíssem, juntos, as bênçãos da Criação. Porém, desde o início, surgiram problemas no viver comunitário; e, como consequência, o homem conheceu a morte e a violência em suas mais variadas formas.

Viver em comunidade é uma arte; e, quando aprendemos a exercitar essa arte, fazemos da família e da igreja ambientes saudáveis e extremamente aprazíveis. O Espírito Santo age em nós e através de nós para produzir uma vida comunitária saudável.

Inicialmente, vale a pena observar, ainda que de relance, alguns importantes elementos de uma vida comunitária saudável, presentes nesse texto de Paulo aos filipenses: a) A importância do ministério de equipe; b) Abertura para o trabalho das mulheres; c) A compreensão de que a comunidade não está isenta de problemas; d) A valorização da expectativa escatológica

Esses lembretes apontam para a necessidade de uma vida comunitária saudável e cheia de esperança. Com certeza, as lições de Filipenses 4.2 a 7 são oportunas a todos nós que um dia fomos chamados por Cristo para viver a vida em comunidade. Vejamos:

  1. A vida comunitária saudável depende da união entre os irmãos

A união entre os irmãos é essencial para que a vida comunitária seja saudável (Sl 133).

Como já foi observado, no v. 2 há um importante apelo dirigido pelo apóstolo a duas senhoras da igreja de Filipos: “Rogo a Evódia e rogo a Síntique pensem concordemente, no Senhor”. Essas duas mulheres, anteriormente, haviam se esforçado juntas em prol do evangelho, cooperando com Paulo e outros no ministério cristão (v.3). Agora, entretanto, estava havendo entre elas uma divergência. Não se sabe exatamente se era devido a alguma questão pessoal, ou de cunho doutrinário. O fato é que as duas não estavam se entendendo; e isso poderia prejudicar tremendamente a obra do Senhor entre os filipenses.

Muitas comunidades se deixam enfermar devido a contendas entre irmãos. Os coríntios, por exemplo, eram extremamente contenciosos (I Co 3.1-9; 6.1-11; 11.17,18). Por causa desse problema, Paulo se dirigiu àqueles crentes dizendo: “Eis a razão por que há entre vós muitos fracos e doentes e não poucos que dormem” (I Co 11.30).

A saúde de qualquer comunidade depende da união entre os irmãos. Uma comunidade dividida se torna debilitada e vulnerável.

No caso citado no texto o problema é mais grave, visto que a divergência era entre duas pessoas de destaque na comunidade, gente da linha de frente, liderança. Quando o desentendimento atinge a liderança da igreja, toda a comunidade acaba sendo afetada. Diante disso, devemos ser zelosos na busca da unidade, esforçando-nos ao máximo para vivermos em união.

Na tentativa de solucionar o problema em Filipos, Paulo utiliza uma estratégia sábia ao pedir a intervenção de um “fiel companheiro de jugo” – não sabemos de quem se trata – para que ajudasse aquelas irmãs a encontrar o caminho da reconciliação. É muito importante a utilização dessas pessoas – encontradas em todas as comunidades – que têm tato para lidar com situações conflituosas e que muito podem fazer, aconselhando e orientando os contenciosos a encontrarem o caminho da paz e da união.

  1. A vida comunitária saudável é caracterizada pela alegria

Em Filipenses, como já foi salientado até aqui, há uma ênfase à alegria cristã – “Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos” (v.4).

A vida comunitária saudável, onde o Senhor reina, promove a alegria entre todos. Essa alegria é produzida pelo Espírito Santo (Gl 5.22). O evangelho é uma boa nova de grande alegria (Lc 2.10).

Comentando acerca do significado da alegria cristã referida em Filipenses 4, L. Weingärtner afirma que “a boa nova de Jesus Cristo não combina com uma vida azeda e tristonha. O que já era válido para o antigo povo de Deus, vale muito mais ainda para o povo da Nova Aliança: ‘A alegria do Senhor é a vossa força’ (Ne 8.10)” (Série Em Diálogo com a Bíblia – Filipenses, Missão Editora/Encontrão Editora, p. 100).

  1. A vida comunitária saudável se torna conhecida de todos

A discórdia entre Evódia e Síntique, bem como os demais problemas existentes na igreja hoje, se tornam visíveis e desonram o evangelho. Por outro lado, graças a Deus, quando a vida comunitária da igreja é saudável, também não há como não ser notada por todos. Como disse Jesus, “não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte” (Mt 5.14).

Quando Lucas descreve a saúde espiritual experimentada pela igreja cristã no seu início, afirma que entre aqueles cristãos havia “alegria e singeleza de coração” (At 2.46,47). Em Filipenses 4.5 Paulo recomenda: “Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens. Perto está o Senhor”. A palavra “moderação”, nesse versículo, indica grandeza de coração, capacidade de perdoar, bondade. Algumas versões, como a Nova Versão Internacional, por exemplo, traduz o termo “moderação” por “amabilidade”. É precisamente isto que Jesus nos recomenda (Mt 5.16).

  1. A vida comunitária saudável é fruto da comunhão com Deus

Todos nós estamos expostos à ansiedade provocada pelas circunstâncias que nos envolvem. As pressões da vida moderna produzem muitas preocupações e geram ansiedade. Mas, nesse texto, Paulo afirma que não precisamos andar ansiosos por coisa alguma. Pelo contrário, devemos nos valer da oração para apresentar a Deus as nossas necessidades (v.6). Anteriormente, Jesus já havia declarado: “não andeis ansiosos…” (Mt 6.25-34). A ansiedade deve ceder lugar à confiança, através de uma profunda comunhão com Deus.

Entre os conselhos apresentados por Pedro, em sua primeira Carta, está a orientação para que a ansiedade seja substituída pela comunhão com Deus: “lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós” (I Pe 5.7).

Pessoas que não cultivam comunhão intensa com Deus não têm como viver uma vida saudável na comunidade; na verdade, não vivem em paz nem consigo. A vida comunitária, muitas vezes, é perturbada tanto por fatores externos quanto internos, tais como: incompreensões, injustiças, indiferença etc. Porém, quando temos situação; e somos supridos em todas as nossas necessidades “com a paz de Deus que excede todo o entendimento” (v.7).

A comunhão com os irmãos é fruto da comunhão com Deus. Quem está bem ajustado com Deus vive melhor consigo e com a comunidade, contribuindo para uma vida comunitária saudável.

Vivamos em união, alegremente, dando bom testemunho ao mundo e aprofundando dia após dia a nossa comunhão com Deus! Vivendo assim, com certeza, faremos da nossa igreja uma comunidade cada vez mais saudável.

Rev. Eneziel Peixoto de Andrade
eneziel@hotmail.com

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