O cego Bartimeu vivia em Jericó, uma cidade que distava 25km de Jerusalém, ao lado ocidental do rio Jordão, próximo a uma região montanhosa que conduz à serra de Judá. Também conhecida como Cidade das Palmeiras, é uma região de solo fértil, propício à agricultura.

As águas do rio Jordão atraíam animais, que o faziam de bebedouro. Um ótimo local para fixar habitação, o que fez com que seus primeiros habitantes buscassem proteção contra a invasão de outros povos. Uma das soluções foi a construção das antigas muralhas de Jericó, as quais mediam cerca de 10mde altura e 4m de largura. Eram dois grandes muros com um espaçamento de cerca de 3m entre ambos. Eram tão grandes e imponentes que sustentavam casas transversas entre os dois muros, como a da prostituta Raabe.

Podemos aprender algumas lições com o cego Bartimeu. Quero destacar, nesta ocasião, apenas três, a saber:

1 – Não permita que os obstáculos que surgem o afaste de Jesus – v. 48. Você já parou algum instante e tentou imaginar o que é não poder contemplar as belezas que Deus fez? Não poder olhar o arco-íris, as flores belíssimas, etc.? Por causa da cegueira, Bartimeu não podia contemplar as coisas bonitas da vida.

A concepção da sociedade, até dos seguidores de Jesus, era de que se uma pessoa nascesse cega, ou contraísse a doença, ela era amaldiçoada por Deus. Isso seria uma consequência de pecado cometido por seus pais ou por si própria. Jesus desfez essa ideia da mente dos discípulos quando do episódio narrado no Evangelho de João, capítulo 9: “… os discípulos perguntaram: Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Respondeu Jesus: Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus” (Jo 9.2,3).

Quando Bartimeu começou a clamar por misericórdia e compaixão, muitos o reprenderam, talvez dizendo que Jesus não tivesse tempo para ele ou que nem se preocupava com sua condição. Mas ele não permitiu que esse obstáculo o afastasse do seu objetivo, que era de estar com o Mestre.

2 – Esteja atento quando Jesus chamá-lo – v.49. Ao longo da história do cristianismo, Deus tem chamado pessoas – pecadores, homens perdidos – para segui-lo, para fazerem parte do seu povo. E Ele usa diversas formas para chamá-las. Algumas vezes as chama usando o pregador da palavra de Deus; outras, fazendo uso de uma criança, como no caso de Agostinho de Hipona, ou Santo Agostinho, como ficou conhecido no século IV (ele nasceu em 354 d.C.); outras, Ele nos chama pelo próprio nome, como no caso do evangelista Mateus, que Jesus o convidou para segui-lo (Mt 9.9); outras, Ele manda os discípulos as chamar, como no caso do cego Bartimeu. Jesus ouviu o seu clamor e mandou chamá-lo. Ele não enxergava, mas escutava melhor do que muita gente, pois conseguira desenvolver sua audição. Ele fez uso do recurso que tinha para que Jesus pudesse ter compaixão dele. Quais eram estes recursos? A audição (47), pondo-se em sintonia com o que ocorria ao seu redor (“… ouvindo que era Jesus”); a voz (47), para clamar por misericórdia ao Senhor; as pernas (v.50), para dirigir-se ao Mestre e encontrar-se com Ele.

3 – Esteja disposto a abandonar as coisas que possam atrapalhar sua nova vida em Cristo – v. 50. Bartimeu “lançou fora a capa, levantou-se e foi ter com Jesus”. Qual o significado dessa peça do vestuário para o cego? Em uma região onde durante o dia a temperatura é altíssima (calor) e durante a noite é baixa (frio), caindo de uma maneira brusca, a capa era o seu maior bem, pois ela servia de proteção contra as tempestades de areia, contra o frio à noite e também era sua esteira de dormir. Atirá-la para longe sugere a ideia de que ele cria que não mais precisaria dela para dormir e que ficaria curado de sua cegueira. Ele foi buscar uma benção e recebeu duas: a cura física e a espiritual. Aquela capa era símbolo de sua vida de mendigo, de dor, de sofrimento, de alguém maltratado pela vida e pela sociedade. Agora ele é um novo homem e, por isso, quer romper com o passado.

Que o Eterno nos conceda a graça de reocorrermos a Jesus em todos os momentos da nossa vida e que possamos aguardar a resposta que Ele dará à nossa petição.

Seu pastor

Rev. Romildo Lima de Freitas

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